A quarta-feira (data hipotética) foi marcada por tensão nos mercados financeiros brasileiros, em especial na Bolsa de Valores (B3), que registrou leve queda de 0,09%, encerrando o pregão aos 133.397 pontos. O movimento praticamente lateral do Ibovespa refletiu a expectativa dos investidores antes da aguardada decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, levando-a para 14,75% ao ano — o maior nível em quase 20 anos.
A decisão do Copom e seu impacto imediato
O aumento da Selic sinaliza uma postura mais rígida do Banco Central frente à inflação ainda persistente no país. Com a taxa básica de juros nesse patamar, o Brasil volta a registrar um dos maiores juros reais do mundo, o que tende a atrair investidores para a renda fixa e penalizar ativos de risco, como ações.
A cautela dominou os negócios desde o início do pregão. Apesar de uma abertura positiva, o índice logo recuou diante da expectativa de uma decisão mais dura por parte da autoridade monetária. A confirmação do aumento reforçou o sentimento de aversão ao risco, mas o mercado não desabou graças a dois fatores que atuaram como contrapeso.
Petrobras vira e ajuda a estancar perdas
Entre os destaques do dia, a Petrobras (PETR4) teve um papel fundamental para impedir uma queda mais expressiva do Ibovespa. As ações da estatal chegaram a cair pela manhã, acompanhando a volatilidade nos preços internacionais do petróleo e as incertezas políticas. No entanto, no fim do dia, os papéis viraram para o positivo e encerraram com forte alta, refletindo uma melhora na percepção do mercado quanto à política de preços da empresa e sua robusta geração de caixa.
Produção industrial surpreende e melhora o humor
Outro ponto que colaborou para amenizar os impactos negativos foi a divulgação de dados positivos da produção industrial brasileira. Segundo o IBGE, o setor industrial teve crescimento acima do esperado no último mês, o que ajudou a sustentar o ânimo dos investidores e reforçou a percepção de que, apesar do juro elevado, a economia ainda dá sinais de resiliência.
Dólar se mantém estável após decisão
Enquanto o Ibovespa oscilava, o dólar comercial praticamente não se mexeu, fechando o dia cotado a R$ 5,74. O movimento neutro da moeda norte-americana sugere que, apesar da elevação da Selic, o cenário externo e o fluxo cambial não foram significativamente afetados no curto prazo.
O que esperar daqui para frente?
A nova taxa de juros pode ter impactos profundos nos próximos pregões. Com uma Selic tão elevada, analistas esperam mais pressão sobre empresas endividadas e setores sensíveis a juros, como varejo e construção civil. Por outro lado, ações ligadas a commodities e exportadoras, como a própria Petrobras e a Vale, podem continuar sendo refúgios defensivos em meio ao cenário desafiador.
Além disso, a curva de juros futuros pode continuar influenciando o comportamento de fundos imobiliários e títulos do Tesouro Direto, ampliando o movimento de realocação de portfólios entre renda variável e renda fixa.
O “empate” entre o touro e o urso nesta sessão reflete o equilíbrio frágil entre o otimismo com alguns setores e o temor diante do juro alto. A virada da Petrobras e o avanço da produção industrial serviram como escudos para o Ibovespa, que poderia ter tido um dia bem pior.
Apesar disso, a decisão do Copom marca um novo capítulo para os investimentos no Brasil. A Selic em 14,75% exige cautela redobrada e uma análise mais criteriosa na alocação de ativos daqui em diante.
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