EUA e China anunciam trégua comercial com corte de tarifas por 90 dias

Em um passo significativo para reduzir a tensão da guerra comercial, Estados Unidos e China anunciaram, nesta segunda-feira (12), a redução bilateral de tarifas de importação por um período inicial de 90 dias. A decisão foi divulgada em um comunicado conjunto após encontro entre as potências em Genebra, indicando disposição para estabilizar as relações econômicas.

O acordo prevê que os EUA reduzam suas tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China diminuirá as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%. A medida tem efeito imediato e vale até 14 de maio, podendo ser prorrogada conforme o avanço das negociações.

Reações nos mercados internacionais

As bolsas internacionais reagiram positivamente à notícia. A bolsa europeia abriu em alta de 1%, impulsionada pelo otimismo com a trégua comercial. Os mercados asiáticos também fecharam em campo positivo: o índice de Xangai subiu 0,82% e o Nikkei japonês avançou 0,42%, mesmo antes do anúncio oficial.

A leitura predominante no mercado é de que, apesar da redução das tarifas não representar uma solução definitiva, o gesto indica um esforço mútuo por maior previsibilidade nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Avaliação de especialistas

Para o economista Roberto Dumas, professor de economia internacional do Insper, a trégua pode não representar o novo patamar permanente das tarifas. Segundo ele, é possível que os níveis recuem ainda mais, mas também existe o risco de retomada das tarifas, caso uma das partes perceba desequilíbrio na reciprocidade.

“Não acredito que vá permanecer nesses 30% e 10%. Historicamente, as tarifas acabam convergindo. Se os EUA não baixarem mais, a China pode subir de novo”, avaliou Dumas.

Essa cautela também se justifica pela experiência da administração Trump, em que as tarifas aplicadas por um país eram imediatamente acompanhadas por medidas retaliatórias do outro, criando um ciclo vicioso de escalada protecionista.

Lula defende multilateralismo em visita à China

Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Pequim em missão diplomática e comercial. Ao lado de 11 ministros, o presidente do Senado Davi Alcolumbre e cerca de 200 empresários, Lula defendeu o multilateralismo e o livre comércio como pilares para uma economia global mais justa.

Durante discurso oficial, Lula destacou a importância da cooperação entre países emergentes e reforçou o papel do Brasil como articulador de parcerias estratégicas fora dos eixos tradicionais.

“Não se pode construir um mundo sustentável com base em unilateralismos e protecionismos”, afirmou o presidente em uma fala que repercutiu entre investidores e diplomatas.

Além da agenda política, foram anunciados novos investimentos chineses no Brasil, somando bilhões de reais, principalmente em setores como infraestrutura, energia e tecnologia. A visita reforça o alinhamento entre os países e o papel da China como principal parceiro comercial do Brasil.

Perspectivas para o comércio global

A trégua tarifária entre EUA e China pode sinalizar uma tendência de retomada do diálogo multilateral em um cenário econômico global pressionado por inflação, juros altos e tensões geopolíticas.

Para o Brasil, que depende do equilíbrio nas relações comerciais entre as grandes potências, o movimento pode favorecer o agronegócio e a indústria de base exportadora, que sofrem com o aumento dos custos e a instabilidade cambial gerada por conflitos tarifários.

Analistas, no entanto, mantêm uma visão cautelosa. O histórico das negociações comerciais sino-americanas mostra que os avanços podem ser revertidos rapidamente diante de interesses políticos domésticos. A eleição nos EUA e a postura do Congresso americano são fatores que ainda pesam no cenário futuro.

A redução temporária das tarifas entre EUA e China é um sinal de distensão em um cenário global tenso e oferece alívio momentâneo para mercados e cadeias de produção internacionais. Ao mesmo tempo, a visita de Lula à China marca um movimento diplomático relevante, reforçando o papel do Brasil na promoção de um comércio internacional mais equilibrado e multipolar.

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