Fundo de CRIs pulverizados BARI11 segue forte mesmo sem atenção da gestora

Enquanto muitos fundos disputam a atenção de investidores com promessas de alta performance, o BARI11 permanece em silêncio — mas não inativo. Esquecido pela gestora atual, a Pátria Investimentos, o fundo segue entregando dividendos consistentes, mesmo sendo negociado com desconto de cerca de 20% sobre o valor patrimonial.

Com rendimento recente de R$ 1 por cota, acima da média de FIIs de papel, o BARI11 levanta uma questão fundamental: por que um fundo com bons indicadores segue “jogado no canto”?

Quem é o BARI11 e por que está esquecido?

O BARI11 é um fundo imobiliário do tipo papel, voltado principalmente para Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) pulverizados. Sua gestão foi assumida pela Pátria após a aquisição da VBI, mas, segundo analistas do setor, o fundo parece estar fora dos planos estratégicos da nova casa — o que tem gerado incertezas sobre seu futuro.

Apesar disso, o fundo mantém uma distribuição mensal consistente, com destaque recente para o rendimento de R$ 1 por cota. Isso representa um dividend yield anualizado atrativo, ainda mais considerando o valor de mercado com desconto.

Distribuição de rendimento e reservas

Em abril, o BARI11 pagou R$ 0,95 e anunciou R$ 1 para o mês seguinte, resultado de uma reserva acumulada de R$ 0,38 por cota, construída ao longo de meses com geração de caixa acima do valor distribuído.

Essa gestão conservadora permite ao fundo manter estabilidade nos repasses, mesmo em períodos de maior volatilidade econômica.

Composição da carteira: CRIs pulverizados e diversificação

O ponto forte do BARI11 é sua carteira altamente pulverizada. São 1.657 contratos de crédito com ticket médio de R$ 122 mil, refletindo um perfil de risco diluído entre milhares de pequenos devedores. Esse tipo de operação é comum no setor residencial de baixo custo, com LTV médio de 61%, o que garante certa proteção patrimonial.

Indexadores da carteira:

  • 67% do patrimônio indexado ao IPCA + 11%

  • 16% ao IGP-M (indexador raro atualmente, mas que ajudou a performance durante períodos de alta inflacionária)

  • Pequena parcela em CDI e fundos imobiliários (10%)

Essa distribuição confere resiliência frente a diferentes cenários macroeconômicos.

Inadimplência sob controle

Outro dado relevante é a inadimplência acima de 90 dias, que permanece em níveis baixos, segundo o último relatório divulgado. O atraso de curto prazo (até 30 dias) é comum nesse tipo de carteira, mas não representa risco material imediato.

Resultado Operacional x Contábil: a polêmica da marcação a mercado

Um ponto que tem confundido os investidores é a diferença entre o resultado contábil e o caixa gerado. A Pátria (seguindo a antiga prática da VBI) adota a marcação a mercado dos ativos no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), o que distorce a percepção real da performance.

No último mês, o fundo teve:

  • Receita: R$ 1,73 por cota

  • Despesas: R$ 0,09 por cota

  • Resultado contábil: R$ 1,70 por cota

  • Resultado para distribuição: R$ 1,50 por cota

Ou seja, mesmo com essa “confusão contábil”, o fundo gerou mais caixa do que distribuiu, reforçando a reserva para meses futuros.

Liquidez, valor de mercado e perspectivas

Com patrimônio líquido inferior a R$ 500 milhões e cerca de 35 mil cotistas, o BARI11 tem baixa liquidez diária (cerca de R$ 200 mil negociados por dia), o que afasta investidores institucionais e reforça seu status de “esquecido”.

Apesar disso, analistas enxergam potencial para uma futura incorporação a fundos maiores da própria Pátria, como o CVBI11 ou HGCR11. Essa movimentação, caso ocorra a valor patrimonial, beneficiaria diretamente os cotistas do BARI11, que compraram cotas com desconto.

Por que ainda vale acompanhar o BARI11?

Mesmo com baixa visibilidade, o fundo tem se mostrado resiliente:

  • Distribui rendimentos consistentes

  • Tem uma carteira diversificada e defensiva

  • Apresenta inadimplência sob controle

  • Opera com folga entre geração de caixa e distribuição

No cenário atual, em que muitos FIIs sofrem com inadimplência, vacância ou endividamento, o BARI11 se destaca como uma alternativa silenciosa, porém eficiente — especialmente para quem busca renda passiva em fundos de CRIs pulverizados.

O BARI11 pode estar fora dos holofotes, mas sua performance e estrutura não devem ser ignoradas. Em um momento em que muitos investidores buscam estabilidade e previsibilidade, o fundo oferece justamente isso — mesmo sem grandes promessas de valorização rápida.

Se houver, no futuro, uma reestruturação por parte da Pátria com consolidação dos fundos sob gestão, o BARI11 pode finalmente deixar de ser “o esquecido” e se tornar uma peça valiosa na carteira dos cotistas atentos.

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