A ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (13), indica que o Banco Central do Brasil não garante o fim do ciclo de aperto monetário iniciado para controlar a inflação. Mesmo com a Selic fixada em 14,75% ao ano — o maior nível desde 2006 —, os diretores da autoridade monetária reforçaram que os próximos passos dependerão da evolução do cenário macroeconômico e fiscal.
Justificativa para a alta da Selic
Na reunião anterior, o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, justificando a medida como parte da estratégia para trazer a inflação de volta ao centro da meta. A decisão representou a sexta alta consecutiva da Selic. No documento, o BC reiterou o compromisso com a convergência da inflação e com a credibilidade da política monetária brasileira.
“Mesmo com a taxa já em patamar significativamente restritivo, a incerteza elevada ainda impede uma sinalização clara sobre o fim do ciclo de alta”, afirma a ata.
Expectativa do mercado: juros mantidos até dezembro
De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta semana, o mercado financeiro aposta na manutenção da Selic em 14,75% até o fim de 2025. Com a inflação ainda pressionada e riscos fiscais persistentes, analistas acreditam que o Banco Central continuará com uma abordagem cautelosa e vigilante.
Essa postura foi reforçada na ata do Copom, que destaca a imprevisibilidade do ambiente externo e os efeitos ainda incertos das políticas econômicas domésticas.
Ambiente externo acentua incertezas
O cenário internacional também preocupa. Durante evento recente, o presidente da China, Xi Jinping, fez críticas indiretas às medidas protecionistas adotadas pelo governo norte-americano sob a liderança de Donald Trump, sinalizando desconforto com o rumo das relações comerciais globais.
Xi afirmou que o “hegemonismo e a intimidação” promovem o autoisolamento e reforçou o compromisso da China com parcerias estratégicas, especialmente com países da América Latina. Em 2024, o comércio entre China e a região latino-americana ultrapassou US$ 500 bilhões pela primeira vez.
Lula critica tarifas e reforça laços com a China
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também esteve presente no encontro internacional e endossou as críticas às tarifas arbitrárias. Em sua fala, destacou os impactos negativos das guerras comerciais sobre a economia global, afirmando que não há vencedores em conflitos desse tipo.
“Guerras comerciais elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países”, declarou Lula, reforçando o alinhamento entre Brasil e China contra o unilateralismo e o protecionismo.
Perspectivas e riscos
Com a Selic em patamar elevado, os impactos sobre o crédito, consumo e atividade econômica devem se intensificar nos próximos meses. Ao mesmo tempo, a combinação de incertezas externas e desafios fiscais internos torna difícil prever com clareza quando o ciclo de aperto monetário será encerrado.
O Banco Central, por ora, adota a postura de esperar para ver, mantendo todas as possibilidades na mesa. O cenário permanece volátil, e a única certeza é que a política monetária continuará sendo guiada por dados e por um ambiente ainda carregado de riscos.
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