Dólar dispara para R$ 5,68 após trégua comercial entre EUA e China

A cotação do dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,68 nesta terça-feira (13), refletindo um movimento global de valorização da moeda americana após o anúncio de um acordo comercial provisório entre Estados Unidos e China. O entendimento entre as duas potências envolveu a suspensão parcial das tarifas recíprocas por um período inicial de 90 dias, o que gerou alívio nos mercados e impactou diretamente o câmbio e o fluxo de capital global.

Entenda o acordo e seus efeitos no mercado

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessard, confirmou que Washington e Pequim decidiram reduzir drasticamente suas tarifas comerciais: de 145% para 30% no caso dos americanos, e de 125% para 10% pelos chineses. Ainda que produtos estratégicos como aço, carros e fármacos tenham ficado fora do entendimento, o mercado viu o gesto como um sinal claro de distensão nas relações bilaterais.

A notícia repercutiu positivamente nas bolsas internacionais: os índices americanos e europeus registraram altas expressivas, enquanto o VIX — conhecido como “índice do medo” — caiu para menos de 19 pontos, nível mais baixo desde 27 de março. O apetite ao risco cresceu nos países desenvolvidos, mas no Brasil a reação foi mais contida.

E o Brasil?

O Ibovespa fechou com leve alta de 0,4%, aos 136.563 pontos, sustentado pelas ações da Petrobras, que avançaram 2,71% diante da expectativa de divulgação dos resultados trimestrais. No entanto, o ambiente ainda é de incerteza em relação ao fluxo de capital estrangeiro, que pode ser redirecionado novamente aos Estados Unidos diante do novo cenário comercial. Isso mantém o dólar pressionado e a bolsa brasileira em compasso de espera.

Segundo analistas do Traders Club, a valorização da moeda americana também se deve a um reposicionamento de investidores, que aguardam uma bateria de resultados corporativos relevantes ao longo da semana, incluindo os números da Petrobras.

Exportações brasileiras de ovos disparam

Em paralelo ao cenário cambial, uma surpresa positiva veio do setor de proteínas: as exportações brasileiras de ovos para os Estados Unidos cresceram mais de 800% entre janeiro e abril de 2025, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O salto se deve à crise provocada por um surto de gripe aviária nos EUA, que elevou os preços internos dos ovos em 41%. Em abril, o Brasil exportou 4,3 mil toneladas, o equivalente a uma alta de 271% na comparação com o mesmo mês de 2024. As vendas geraram US$ 10,5 milhões em receita no período.

Com isso, o Brasil consolida sua posição como um fornecedor estratégico em tempos de crise sanitária e amplia sua presença no mercado externo em um momento oportuno para compensar parte dos impactos cambiais no comércio exterior.

Impactos econômicos e perspectiva

Mercado cambial: A tendência de alta do dólar deve se manter no curto prazo, caso o fluxo estrangeiro continue migrando para os EUA diante da redução de incertezas geopolíticas e do aumento da atratividade dos ativos americanos.

Ibovespa: O índice deve oscilar conforme os resultados das empresas brasileiras forem divulgados e conforme o mercado avalia o comportamento da economia chinesa diante do novo acordo.

Exportações: O setor de proteína animal pode manter desempenho forte, principalmente em nichos afetados por questões sanitárias globais, como é o caso dos ovos. Isso pode suavizar os efeitos negativos do dólar alto sobre o comércio exterior.

O novo capítulo da guerra comercial entre EUA e China abriu espaço para uma reacomodação nos mercados globais. Para o Brasil, o momento é de cautela: embora haja ganhos pontuais como o avanço das exportações de ovos, a valorização do dólar pode pressionar a inflação e dificultar o controle da política monetária.

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