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O líder espiritual dos muçulmanos na Bahia, Sheikh Abdul Ahmad, que também participou do ato, reforça o caráter universal da dignidade humana: “Muitos homens e mulheres sepultados aqui eram muçulmanos e foram tratados como coisas até mesmo após a morte”.De acordo com as evidências, a área em questão foi originalmente gerida pela Câmara de Salvador e teria funcionado como cemitério por aproximadamente 150 anos, até o ano de 1844. A pesquisa surgiu a partir do trabalho de doutorado da arquiteta e urbanista Silvana Olivieri, que utilizou mapas históricos e imagens de satélite para cruzar informações e apontar a localização exata do antigo cemitério. A comprovação foi reforçada por uma certidão de compra e venda do terreno feita pela Santa Casa, que faz menção explícita ao cemitério.A primeira etapa da escavação está sendo conduzida por uma equipe de arqueólogos e pesquisadores, com previsão de duração de 10 dias. A pesquisadora responsável pela escavação, a arqueóloga Jeanne Dias, explicou que esta primeira fase tem caráter diagnóstico, com o objetivo de localizar vestígios ósseos e mapear as valas coletivas apontadas por registros históricos.“Vamos observar a forma de deposição dos corpos, identificar características que indiquem sexo, idade e possíveis objetos pessoais. Neste momento, não vamos remover os corpos. A ideia é documentar e ampliar o diálogo com a sociedade para decidir, coletivamente, os próximos passos”, declara.Yoji Senna, coordenador no Brasil da Brazilians Descendants Association Lagos/Nigeria, faz um apelo às instituições: “Que tratem esse solo com o respeito que ele merece. Que não deixem esse lugar virar apenas um dado acadêmico ou turístico. Que envolvam as comunidades negras, os terreiros, os movimentos sociais. Que esse território sagrado se transforme em um centro de memória, de educação e de celebração da vida dos nossos”. Segundo o Iphan, o terreno está em processo de delimitação e deve ser cadastrado como sítio arqueológico, passando a contar com proteção legal.*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira