O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a redução do período de transição do Bolsa Família de dois para apenas um ano, numa tentativa de conter os gastos públicos e sinalizar compromisso com o ajuste fiscal. A decisão, embora tecnicamente assinada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, partiu diretamente do presidente, que, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, considerou a mudança como “pequena” diante da dimensão do programa.
A medida antecipa o fim gradual do benefício para famílias que tiveram aumento de renda e, até então, contavam com um prazo de dois anos de permanência na folha de pagamentos antes de deixarem o programa. Agora, esse prazo será de apenas 12 meses.
A alteração foi discutida internamente desde março, quando Lula assinou um decreto transferindo oficialmente ao Ministério do Desenvolvimento Social o poder de realizar mudanças no Bolsa Família. Segundo apuração da CNN Brasil, essa estratégia também buscou blindar o presidente de um desgaste direto com a base beneficiária do programa.
Estratégia fiscal e discurso de independência
Em abril, Lula já havia sinalizado publicamente a necessidade de o país deixar de ser “eternamente dependente do Bolsa Família”. O discurso reforça a tentativa do governo de equilibrar as contas públicas em meio à crescente pressão por responsabilidade fiscal, especialmente após frustrações recentes com a arrecadação e as metas do novo arcabouço fiscal.
Fontes ligadas ao governo afirmam que a decisão de cortar o tempo de transição foi defendida com maior cautela por Wellington Dias, que teria sugerido um prazo intermediário de 18 meses. No entanto, Lula optou por endurecer a medida e manter o corte direto para um ano.
Impacto social e cálculo político
Na Secretaria de Comunicação Social, a principal preocupação é o impacto da decisão na popularidade do presidente, que já enfrenta queda nas pesquisas de aprovação. Embora o governo avalie que beneficiários do Bolsa Família em geral mantêm simpatia pela gestão Lula, analistas políticos alertam que medidas que envolvem o programa têm alto potencial de desgaste.
O Ministério do Desenvolvimento Social argumenta que o aumento nas vagas formais de trabalho justificaria a mudança, pois mais famílias estão aptas a sustentar-se sem o benefício. Ainda assim, os efeitos concretos da medida só devem ser sentidos a partir de 2026, quando o novo período de transição começar a refletir nos dados fiscais.
Além disso, a retirada da correção do valor do Bolsa Família com base na inflação também está no radar como forma de controle de gastos, embora ainda sem anúncio oficial. Caso implementada, essa mudança poderá ampliar a economia do governo, mas também abrirá nova frente de críticas sociais.
O post Lula reduz período de transição do Bolsa Família e arrisca nova queda na popularidade apareceu primeiro em O Petróleo.