Knip (KNIP11) paga maior dividendo em quase 2 anos, mas gestão decepciona com reserva injustificada

O fundo imobiliário KNIP11, gerido pela Kinea, surpreendeu positivamente os investidores ao anunciar o pagamento de R$ 1,25 por cota, o maior dividendo desde junho de 2022. No entanto, a boa notícia veio acompanhada de um fator controverso: a gestora optou por não distribuir o lucro integral gerado no mês, retendo R$ 0,22 por cota como reserva, o que gerou críticas e desconfiança entre os cotistas.

Segundo os dados do próprio fundo, o rendimento total foi de R$ 1,47 por cota, enquanto o valor efetivamente repassado ao investidor ficou abaixo até mesmo da inflação do período, medida pelo IPCA, de 1,31%. Com isso, o dividend yield real ficou aquém do esperado, especialmente para um fundo com regime de competência, que deveria entregar integralmente a inflação do período ao cotista.

Alocação elevada e alavancagem estrutural preocupam investidores

O KNIP11 possui 107% de alocação e está fortemente concentrado em ativos indexados ao IPCA, com retorno médio de IPCA + 10%. No entanto, a política de alavancagem estrutural adotada pela Kinea — diferente do uso tático para antecipar alocações antes de emissões — tem sido alvo de críticas. A gestão, segundo investidores, optou por manter a alavancagem permanentemente no fundo, o que aumenta o risco e compromete parte do rendimento futuro com despesas financeiras recorrentes.

Além disso, cerca de 7% do patrimônio líquido do fundo está atualmente comprometido, e os dados sobre essas operações não são detalhados nos relatórios gerenciais, o que compromete a transparência e dificulta a análise por parte dos cotistas.

Falta de clareza e comunicação ineficaz

Um dos principais pontos levantados pelos investidores é a ausência de justificativas claras para a formação da reserva. A crítica é que, se o fundo adota o regime de competência — que contabiliza os rendimentos no momento da apuração — não faz sentido reter lucros, principalmente em um cenário de inflação elevada, no qual o fundo é procurado justamente para proteger o poder de compra do investidor.

A liquidez diária média de R$ 5 milhões, embora ainda considerável, também está abaixo do histórico do fundo, que costumava movimentar mais de R$ 10 milhões por dia. Isso levanta questionamentos sobre o interesse do mercado no ativo frente a essas decisões de gestão.

Comparações e pressão por melhorias

Enquanto o KNIP11 opta por reter lucros e manter alavancagem indefinidamente, outros fundos do mercado, como o VCJR11, também operando sob regime de competência, vêm se destacando por entregar 100% do lucro gerado ao cotista, consolidando a confiança dos investidores. Essa diferença de postura tem gerado pressão para que a Kinea reavalie sua abordagem.

Cotistas mais atentos alertam que a gestora, por ter forte presença institucional, pode estar se apoiando no nome para manter práticas que seriam inaceitáveis em gestoras menores. A crítica é que, se o KNIP11 fosse um fundo menor e sem a força de distribuição do Itaú, provavelmente teria que justificar cada centavo com mais precisão e clareza.

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