A nova euforia em torno dos medicamentos para emagrecer
O avanço da obesidade no mundo faz com que cada nova medicação para perda de peso gere euforia. Segundo a endocrinologista Dra. Deborah Beranger, muitas pessoas desejam iniciar o uso sem prescrição médica. “O resultado do Mounjaro é excelente, e o emagrecimento ocorre de forma rápida. Isso empolga muita gente. No entanto, reforçamos sempre a importância de consultar um profissional de saúde. Por esse motivo, o Mounjaro agora exige receita retida”, afirma.
Diferenças entre Mounjaro, Wegovy e Ozempic
As chamadas canetas emagrecedoras — Mounjaro, Ozempic e Wegovy — possuem composições e indicações diferentes. O Mounjaro combina dois hormônios: o análogo de GLP-1 e o GIP. Já o Ozempic e o Wegovy contêm apenas o análogo de GLP-1. “Essa combinação torna o Mounjaro mais potente. Apesar das diferenças, todos aumentam a saciedade e aceleram o metabolismo”, explica a Dra. Deborah.
Além disso, é importante destacar que cada uma dessas medicações possui indicações específicas e reações diferentes em cada paciente. Por isso, o uso deve ser sempre individualizado.
Como atuam os análogos de GLP-1?
A médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, detalha como esses medicamentos funcionam. “Os análogos de GLP-1 imitam a ação de um hormônio intestinal. Isso aumenta a liberação de insulina após as refeições e ajuda no controle da glicose no sangue”, esclarece.
Consequentemente, há uma melhora na resposta glicêmica dos pacientes, especialmente os que sofrem de diabetes tipo 2. Dessa forma, esses medicamentos acabam sendo úteis também para o controle metabólico.
Indicações e usos off-label
O Ozempic, por exemplo, está aprovado no Brasil para o tratamento do diabetes tipo 2. Seu uso para emagrecimento, no entanto, ocorre de forma off-label. “A Anvisa reconhece que o uso off-label, em muitos casos, é correto, mas ainda não aprovado oficialmente”, diz a Dra. Marcella.
O Wegovy tem a mesma substância do Ozempic, mas com uma dosagem maior. Já o Mounjaro contém tirzepatida, que atua também por meio do GIP, um hormônio capaz de melhorar a secreção de insulina, além de influenciar o controle do peso corporal e do metabolismo. De acordo com a Dra. Deborah, o Mounjaro está aprovado para controle glicêmico e de peso em pessoas com diabetes.
Riscos e efeitos colaterais
Apesar dos bons resultados, os médicos alertam que esses medicamentos não devem ser utilizados sem supervisão. “Eles podem causar efeitos colaterais como dor e distensão abdominal, além de náusea. O Mounjaro tende a ter menos efeitos adversos do que os demais, mas continua sendo uma medicação que exige acompanhamento profissional”, ressalta a Dra. Deborah.
Portanto, mesmo que os efeitos sejam mais leves, o uso inadequado pode comprometer a saúde do paciente.
Medicamento não substitui mudança de estilo de vida
Todos os medicamentos são aplicados semanalmente por injeção subcutânea. Porém, isso não substitui mudanças no estilo de vida. “É essencial adotar uma alimentação saudável, praticar atividade física e promover mudanças comportamentais. Sem isso, os medicamentos não trazem os resultados esperados”, explica a Dra. Marcella.
Além disso, o sucesso do tratamento depende diretamente da adesão do paciente às orientações clínicas. Ou seja, disciplina e constância fazem toda a diferença.
O papel dos medicamentos no tratamento da obesidade
Segundo ela, o tratamento da obesidade deve começar por intervenções não medicamentosas. “Muitos pacientes não obtêm sucesso apenas com dieta e exercício. Nesses casos, os medicamentos surgem como aliados. Quando combinados a hábitos saudáveis, oferecem esperança real”, conclui.
Dessa maneira, é possível garantir resultados mais duradouros e seguros, sempre com foco na qualidade de vida.
Fontes
Dra. Deborah Beranger – Endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do RJ e outros títulos. Instagram: @deborahberanger
Dra. Marcella Garcez – Médica nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde, diretora da ABRAN. Instagram: @dra.marcellagarcez
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