Nos últimos anos, os ETFs (Exchange Traded Funds) vêm ganhando popularidade entre investidores brasileiros. Com uma estrutura que reúne vários ativos — como ações ou títulos — em um único fundo negociado na Bolsa, os ETFs oferecem praticidade, diversificação e, em muitos casos, custos mais baixos do que fundos tradicionais. No entanto, o crescimento acelerado da modalidade também traz um alerta: muitos investidores cometem erros básicos que podem comprometer seus rendimentos no longo prazo.
Neste artigo, você vai entender os cinco erros mais comuns ao investir em ETFs e como evitá-los.
1. Não entender a estratégia do ETF
O primeiro erro — e talvez o mais grave — é investir sem entender exatamente como o ETF funciona. Isso ocorre quando o investidor se deixa levar apenas pelo nome ou rentabilidade passada, sem investigar a composição e o índice de referência (benchmark).
Exemplo prático:
Dois ETFs que aparentam investir no S&P 500 podem ter estratégias completamente diferentes. O SPXI11, por exemplo, replica o índice em dólar, enquanto o S&P500 BDR (IVVB11) tem hedge cambial e é negociado em reais. A performance muda conforme o câmbio.
Dica: Leia o prospecto e verifique o benchmark, tipo de gestão (ativa ou passiva) e a frequência de distribuição de dividendos — há ETFs acumuladores e distribuidores mensais, como o NDIV11.
2. Basear a escolha apenas na rentabilidade passada
“Rentabilidade passada não garante rentabilidade futura.” Essa máxima do mercado financeiro é ignorada por muitos investidores que se empolgam com altas históricas. O problema é que esse comportamento costuma levar à compra no topo e à frustração posterior.
Exemplo:
ETFs como o ARKK, que investe em inovação, explodiram em 2020, mas despencaram depois. Outro caso é o URA, ETF temático de urânio, que teve alta expressiva em 2011, mas passou anos em queda.
Conclusão: Avalie fundamentos e o momento econômico antes de investir. Não confie cegamente em gráficos de alta.
3. Ignorar os custos totais do ETF
Apesar de os ETFs serem considerados baratos, nem todos são iguais. As taxas de administração variam bastante entre emissores — e no longo prazo, diferenças de décimos de ponto percentual geram impacto significativo na rentabilidade final.
Estudo da vanguard:
Uma diferença de 0,6% ao ano nos custos de um portfólio pode representar até R$ 100 mil a menos no retorno em 30 anos.
Exemplo nacional:
Três ETFs que replicam o S&P 500:
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SPXB11 (BTG): taxa de 0,17%
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SPXI11 (Itaú): taxa superior
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IVVB11 (BlackRock): com taxa maior e exposição cambial
Recomendação: Prefira ETFs com menor taxa e boa liquidez, desde que mantenham a mesma estratégia.
4. Não considerar a correlação entre os ativos
Muitos investidores buscam diversificação, mas acabam comprando ETFs que se movimentam de forma semelhante, comprometendo a proteção da carteira contra crises.
O que é correlação?
Se dois ativos sobem ou caem juntos, estão correlacionados. Idealmente, os ETFs devem ter baixa correlação ou correlação negativa para proteger a carteira em diferentes cenários.
Exemplo prático:
ETFs como o EEM (mercados emergentes) e o AXJ (Ásia) possuem alta correlação. Já o GLD (ouro) e o TLT (títulos longos dos EUA) têm correlação próxima de zero — o que ajuda na diversificação real.
5. Sobreposição de ativos (Overlapping)
Adquirir vários ETFs pode parecer uma boa ideia, mas sem analisar a composição de cada um, você pode estar investindo nas mesmas empresas várias vezes.
Exemplo:
ETFs como o SPY (S&P 500) e o URTH (MSCI World) têm empresas como Apple, Microsoft e Google em suas maiores posições. Apesar de parecerem diferentes, há grande sobreposição de ativos.
Impacto:
Você acredita que está diversificado, mas sua exposição está concentrada nas mesmas ações — aumentando o risco e pagando mais caro em taxas, sem ganho real de diversificação.
O post 5 erros fatais que os investidores cometem com ETFs e como evitá-los apareceu primeiro em O Petróleo.