Em protesto, familiares criticam laudo de acidente que aponta troca de lugar entre vítimas em moto na Via Verde: ‘Erro drástico’


Parentes e amigos de Macio Pinheiro da Silva, Carpegiane Lopes e Fábio Farias protestaram em frente a sede do Ministério Público na manhã desta sexta-feira (30) cobrando punição ao condutor suspeito de envolvimento na colisão. PRF informou que não vai se manifestar sobre o caso. Familiares das três vítimas e sobrevivente do atropelamento protestaram em frente ao MP-AC
Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
Durante um protesto por conta das três mortes após um atropelamento na Via Verde, em Rio Branco, em abril deste ano, os familiares das vítimas criticaram um laudo emitido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC) que aponta uma possível troca de lugar entre vítimas em uma das motocicletas atingidas pelo motorista Talysson Duarte. O protesto ocorreu na manhã desta sexta-feira (30).
À Rede Amazônica Acre, a PRF informou que não vai se manifestar sobre o caso. Já a defesa de motorista afirmou que o cliente segue à disposição da Justiça e alegou que carro derrapou em pista molhada. O veículo teria aquaplanado. (Veja mais abaixo)
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Conforme Gicliane Lopes, esposa de Carpegiane Lopes que morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Rio Branco, o documento afirma que era Macio quem conduzia a motocicleta na qual estava com Mácio Silva, vítima que morreu no local do acidente.
Para a viúva, isso não procede, já que Carpegiane não deixaria que Macio, sem habilitação, conduzisse a motocicleta.
“Eu vivi 26 anos com o Carpegiane e ele não deixava nem eu, que sou esposa dele, carregar ele, nem carro, nem moto. Ele não deixava nenhum dos amigos da VIP [empresa]. O Mácio não sabia dirigir, ele mal sabia escrever o nome dele. Uma pessoa sem habilitação, dirigindo numa via daquela. E outra, cadê o velocímetro que não saiu no BAT [Boletim de Acidente de Trânsito]? Quem é Talysson [Duarte] nessa história? Por que ele não procurou a família? Por que ele não ficou até o final?”, questionou.
Gicliane Lopes afirma que o marido não gostava de ser carregado, e que não permitiria que um colega sem habilitação conduzisse a motocicleta
Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
LEIA MAIS:
Morre terceira vítima de acidente na Via Verde após mais de um mês internada em UTI de Rio Branco
MP instaura procedimento para acompanhar investigações de acidente que terminou com dois mortos no Acre
Em manifestação, familiares cobram punição a motorista envolvido em acidente com dois mortos no AC: ‘Não temos respostas’
Defesa de motorista que matou dois em acidente diz que carro derrapou em pista molhada: ‘Está bastante abalado’
Talysson Duarte é apontado como o condutor da caminhonete que invadiu a pista contrária atingindo três motocicletas no AC
Arquivo pessoal
Protesto
As famílias se reuniram em frente a sede do Ministério Público do Acre (MP-AC) para pedir uma punição ao motorista suspeito de envolvimento na colisão.
O advogado que representa os familiares das vítimas, Valber Fontinele, afirma que as informações questionadas no laudo pericial da PRF culpa a vítima pela colisão.
“Então, é um erro drástico. Segundo, não consta ainda perícia aferindo o limite de velocidade do condutor, que é um absurdo. E se a Polícia Rodoviária Federal for fazer hoje, por exemplo, vai ter mais dificuldade. Então, nós entendemos que deveria ter sido feito na hora, que tem ali marca de frenagem e outros elementos probatórios”, acrescentou.
Parentes e amigos das três pessoas mortas no acidente cobram responsabilização do motorista
Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
Dor e justiça
Esposa de Fabio Farias, terceira vítima a morrer após o acidente, Deise Furtado afirma que as famílias decidiram fazer um novo protesto para cobrar justiça, e que até a dor do luto está sendo prejudicada, já que estão precisando cobrar respostas.
“O Fábio passou 35 dias na UTI, e em nenhum momento o autor que fez isso com ele nos procurou. Na realidade eu não sabia nem o nome dele. E a gente quer justiça. Ele matou o pai da minha filha. Minha filha de 3 anos todo dia pergunta pelo pai. Hoje está com nove dias que o Fábio faleceu e a gente não está podendo nem viver a dor do luto, porque a gente está tentando correr atrás de justiça, que isso é inadmissível. A pessoa matou três pessoas e simplesmente ficar impune”, afirmou.
Segundo Deise Furtado, esposa de Fábio Farias, até a dor do luto está sendo prejudicada, já que estão precisando cobrar respostas
Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
Sobrevivente segue com sequelas
Raiane Xavier havia deixado o filho no colégio quando também foi ferida pelo atropelamento, e, enquanto se recupera dos danos físicos, se juntou às famílias enlutadas na luta por punição.
Ela passou muitos dias de cama, e, ao conseguir voltar a levantar, quis participar do protesto por ela mesma e pelos trabalhadores que morreram.
“Eu me levantei da cama, mas eu ainda continuo com uma ferida muito grande. Então, eu estou fazendo o tratamento direitinho, não está cicatrizando bem. Eu estou tendo muita dificuldade. Eu vim aqui porque eu tenho que vir. Em nome dos meninos também, em meu nome, que aconteceu tudo isso”, frisou.
Sobrevivente, Raiane Xavier afirma que participou do ato por ela mesma e pelos trabalhadores que morreram
Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
O que diz a defesa do condutor
No dia 8 de maio, Talysson Duarte prestou depoimento após quase um mês do acidente. A namorada dele, identificada como Kaline Santana Matos, 24 anos, estava na caminhonete no momento da batida e também prestou depoimento.
Segundo a defesa de Talysson, a jovem confirmou que o namorado perdeu o controle do veículo e bateu nas motocicletas. O advogado Emerson Costa, que defende o condutor, Talysson alegou que no momento do acidente estava indo almoçar com a namorada. A defesa voltou a dizer que o carro derrapou na pista molhada e o veículo aquaplanou.
“Ele explicou que esta chovendo demais. Não tinha como estar correndo porque tinha um carro na frente dele. O carro cedeu à frente, foi pro lado e ele foi fazer uma ultrapassagem. Dirigiu um pouco mais e aí logo em seguida o carro aquaplanou. Ele tentou colocar o carro pra pista de novo, não conseguiu e aconteceu acidente”, contou Emerson.
*Colaborou o repórter Júnior Andrade, da Rede Amazônica Acre.
Rede Amazônica Acre segue na cobertura do protesto das vítimas do acidente na Via Verde
Reveja os telejornais do Acre
Adicionar aos favoritos o Link permanente.