
Investigação da Polícia Federal aponta Fhillip da Silva Gregório, o Professor, como um dos maiores fornecedores de fuzis e pistolas do Paraguai para o Brasil. A sua morte deve abrir uma disputa pelo controle das rotas para a vinda dos produtos ilegais para a facção criminosa. O traficante Fhillip Gregório da Silva, o Professor, no Complexo do Alemão
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Por quatro anos, o traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, negociou a compra de fuzis, de pistolas e munições direto com os fornecedores no Paraguai. Segundo a Polícia Federal, o status dele na facção levou o criminoso a ter ainda a sua própria “marca” de cocaína, o que representa uma espécie de crédito com os produtores da droga.
A morte dele na noite de domingo (1), no PAM Del Castilho, na Zona Norte do Rio, deve abrir uma disputa para ocupar o espaço dominado com violência pelo criminoso há, pelo menos, 4 anos.
Relatório da Polícia Federal, obtido pelo g1, mostra que Professor era visto como “Dono do Morro”. Na comunidade da Fazendinha, no interior do Complexo do Alemão, o traficante vivia em uma casa com piscina e hidromassagem.
Além disso, interferia na vida social da comunidade com práticas assistenciais, como a distribuição de brinquedos para crianças e compra de remédios para alguns moradores. Também pagava assistência médica a moradores da Fazendinha e financiava bailes funk e shows de pagode.
Em uma ocasião, Professor chega a frequentar um baile com uma pistola na cintura.
Para a Polícia Federal, “os donos do morro”, no caso Fhillip da Silva Gregório reivindica “não apenas o controle armado dos pontos de venda de drogas, mas também dos territórios… interferindo na vida social das pessoas da comunidade”. Segundo o documento, ele gastava parte dos lucros pagando propina a policiais:
“Conforme se depreende das análises, Fhillip da Silva Gregório investe parcela significativa de seus lucros com a venda de drogas na compra de armamentos e paralelamente e no pagamento de subornos a policiais “arregos” com a finalidade de suprimir as ações do Estado, obtendo proteção e recebendo informações privilegiadas por parte desses policiais, que seriam responsáveis pelos patrulhamentos de áreas, como avisos com antecedência de operações policiais a serem desencadeadas”
Traficante que fornecia armas para o Comando Vermelho morre baleado
Marca de cocaína
Pelo menos desde 2021, Professor não cuidava apenas do fornecimento de fuzis e pistolas para o Comando Vermelho. O criminoso já tinha a sua própria cocaína.
Segundo Professor conta em uma interceptação telefônica, a pasta de cocaína embalada com a inscrição UFC pertenceria a ele.
O criminoso conta ao descobrir que a droga que estava indo para outros criminosos sem a sua autorização:
“Mano, a marca UFC é minha. O cara mandou 300 quilos pra outros amigos. Pow [sic]. Tô nem acreditando que fizeram isso comigo”, falou.
Segundo as investigações, tendo a sua droga, Professor passou a ser uma espécie de produtor independente, podendo inclusive conseguir um percentual no repasse para o próprio grupo do qual fazia parte.
Traficante Professor criou a sua própria marca de cocaína para vender a outros criminosos
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Professor chama a iniciativa de “marca fantasma”. No mundo do crime, isso representa que o criminoso tinha um bom contato com os produtores da droga. Fato pouco comum na relação entre os traficantes dos morros do Rio e os “donos” da cocaína, na avaliação de investigadores.
Tiro na cabeça
Professor morreu com um tiro na têmpora direita. O disparo foi o de uma pistola. Essa não foi a primeira vez que o criminoso foi ferido na cabeça.
Em 2022, o traficante foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um projétil que estava alojado. A operação aconteceu no interior de sua casa.
Em 2022, o traficante Professor realizou uma cirurgia em sua casa, no interior do Complexo do Alemão, para retirar uma bala de sua cabeça
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Ele ainda realizou outros dois procedimentos na favela. Ambos estéticos, sendo um deles uma lipoaspiração.
“Tirei um estilhaço de bala que tava na minha cabeça [há] um tempão”, contou a um comparsa.
Traficante Professor com uma pistola na cintura em festa no interior do Complexo do Alemão
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