Fraude no INSS: entidade apoiada por deputados é alvo da PF

Uma das entidades investigadas pela Polícia Federal no esquema de fraudes em descontos associativos pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), é ligada à Frente Parlamentar em Defesa do Empreendedorismo Rural, que conta com o apoio de 212 deputados e senadores.

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No lançamento da frente, em abril de 2024, o presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), Carlos Lopes, era o único agente privado no palco. A informação é da Folha de S. Paulo.Com ele estavam o presidente da frente, deputado Fausto Pinato (PP-SP), o vice-presidente, senador Chico Rodrigues (PSB-RR), e o secretário-adjunto da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pedro Neto.No evento, Lopes afirmou que era muito importante “ter apoio esse do Congresso Nacional” e agradeceu aos parlamentares pela criação da frente. Ele se referiu a Rodrigues como “amigo e orientador”.O senador discursou antes de Lopes e disse que a iniciativa do presidente da Conafer é reconhecida por todos. Afirmou também que haveria uma grande conexão entre os trabalhos da frente parlamentar e da entidade.Procurado, Pinato afirmou que a frente “nunca foi bancada pela Conafer”. “Ela sempre escolheu ideias da comunidade rural brasileira, inclusive da Conafer. Contudo, nunca a frente parlamentar se curvou ou beneficiou de qualquer entidade, a que título para”, disse.Fraude no INSSEm 2025, foi descoberto um vasto esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelado pela “Operação Sem Desconto”, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União.Entre 2019 e 2024, diversas entidades associativas realizaram descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, prometendo serviços que não eram efetivamente prestados. Estima-se que cerca de 9 milhões de beneficiários tenham sido lesados, com prejuízos que ultrapassam R$ 6,3 bilhões. A investigação resultou em mais de 200 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal, além da apreensão de bens de alto valor, como veículos de luxo, joias e dinheiro em espécie.O escândalo teve repercussões políticas significativas. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após negar previamente a existência de irregularidades. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, também deixou o cargo por não ter tomado medidas diante de alertas sobre as fraudes.Além disso, o caso envolveu o irmão do presidente Lula, Frei Chico, líder de uma das entidades suspeitas de receber recursos indevidamente. Em resposta, o governo federal anunciou medidas para ressarcir os prejudicados, incluindo notificações pelo aplicativo Meu INSS e atendimento presencial nos Correios a partir de 30 de maio. O escândalo gerou debates no Congresso, com a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para aprofundar as investigações.

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