Bahia Farm Show apresenta sensor e robô com IA para o agronegócio

Um sensor que ajuda a reduzir a aplicação de agrotóxicos e um robô que atua como ‘consultor agrícola’ estão entre as tecnologias que serão apresentadas na Bahia Farm Show 2025, a partir de segunda-feira (9), em Luís Eduardo Magalhães, oeste do estado.O sensor é o WEED-IT, solução holandesa que significa ervas daninhas em inglês e é voltada justamente para isso: combater as plantas indesejadas que nascem em meio à lavoura, competindo por nutrientes, água e luminosidade, o que faz reduzir a produtividade.Treinado por IA (inteligência artificial), o sensor identifica as plantas daninhas por meio das variações de um fenômeno comum aos vegetais chamado fluorescência de clorofila, que se relaciona com a saúde da planta e o seu desenvolvimento.

Aplicação noturna do sensor

Até pouco tempo, diferenciar plantas daninhas das culturas agrícolas por sensoriamento remoto era um desafio, pois as variações na fluorescência da clorofila eram mínimas, conforme aponta um estudo sobre pulverização de precisão publicado na revista Nature em 2022.No caso do sensor WEED-IT, ele faz a diferenciação em tempo real entre o que é cultura agrícola e planta daninha, o que favorece à aplicação precisa de agrotóxicos diretamente no alvo e no momento em que ela ocorre, sem necessidade, por exemplo, de gerar um mapa de aplicação, como fazem algumas tecnologias de agricultura de precisão.Na pesquisa publicada na Nature, o sensor WEED-IT foi comparado com outros equipamentos convencionais, tendo os resultados mostrado redução de 56,16% nos custos por área com a tecnologia de precisão (US$ 183,50 contra US$ 418,71 da aplicação tradicional, em moeda corrente na época da pesquisa), principalmente devido à economia em pesticidas.Os pesquisadores observaram que, apesar do alto investimento inicial em equipamentos, os custos fixos por área foram menores que os variáveis, indicando viabilidade financeira a médio prazo. No entanto, eles destacaram que a lucratividade depende de fatores como tamanho da propriedade, tipo de cultura, custos de mão de obra e acesso a financiamento.

O diretor comercial da Smart Sensing, Marcos Ferraz

|  Foto: Divulgação Smart Sensing

Diretor comercial da Smart Sensing, empresa que comercializa o sensor WEED-IT no Brasil, Marcos Ferraz disse que no oeste da Bahia a tecnologia já foi aplicada em mais de 2 milhões de hectares, distribuídos em 25 fazendas de soja e algodão.Em uma dessas fazendas, ele disse, os resultados de uma aplicação localizada em 6,7 mil hectares houve ganho econômico de R$ 1 milhão em apenas um mês de utilização, entre janeiro e fevereiro deste ano. O custo com a calda caiu de R$ 197,20/ha para R$ 41,35/ha, gerando economia de R$155,85/ha.Ainda de acordo com Ferraz, o resultado de 2025 foi ainda melhor que o observado no ano anterior, quando na mesma propriedade foi gerada uma economia total de pouco mais de R$ 1,2 milhão (75%), considerando o manejo de janeiro a março de 2024.“Além dos ganhos financeiros, o produtor também melhora a sustentabilidade e a produtividade de sua fazenda, reduzindo o uso de defensivos e os impactos que causam no solo e meio ambiente”, destacou Ferraz.Robô consultorAlém do sensor WEED-IT, outra atração tecnológica da Bahia Farm Show é o Cortevano, um robô treinado com IA que atua como um consultor agrícola digital. Desenvolvido pela Corteva Agriscience, ele será apresentado pela primeira vez no Nordeste e tem como objetivo responder, em tempo real, às principais dúvidas dos produtores sobre manejo de lavouras.“O Cortevano utiliza IA para recomendar soluções personalizadas, desde o controle de pragas até o uso de biológicos, sempre alinhado ao nosso portfólio e às boas práticas agrícolas”, explica Renata Moniz Marques, coordenadora de Comunicação da Corteva.

O sensor é o WEED-IT, solução holandesa utilizada na aplicação de precisão

|  Foto: Divulgação Smart Sensing

O robô analisa perguntas dos agricultores sobre desafios específicos, como infestação de plantas daninhas, doenças ou escolha de sementes, e recomenda as melhores tecnologias da empresa, incluindo herbicidas, fungicidas e tratamentos biológicos. “Ele foi treinado com o banco de dados da Corteva, garantindo respostas precisas e técnicas”, complementa Renata.Diferente de drones ou sensores de campo, o Cortevano foi projetado para eventos, aproximando-se dos produtores de forma interativa, não estando disponível para venda. “É uma maneira inovadora e descontraída de mostrar como a tecnologia pode otimizar o dia a dia no campo”, diz a coordenadora.A expectativa é que, após a estreia na Bahia Farm Show, o robô continue circulando por feiras agrícolas em todo o Brasil, reforçando o papel da agricultura digital na tomada de decisões.

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