A Klabin (KLBN11) enfrenta um cenário desafiador na Bolsa. As ações acumulam queda de 22% nos últimos seis meses e recuam mais de 6% no último mês, mesmo após a divulgação de resultados considerados sólidos. Corretoras como a XP mantêm recomendação de compra, mas a pressão permanece.
O principal fator de preocupação no mercado é o aumento da alavancagem. A dívida líquida sobre geração de caixa (EBITDA) saltou de 2,5x em 2022 para 4x em 2025, nível que não era observado desde 2017. A dívida total já ultrapassa R$ 33 bilhões.
O endividamento se deve, sobretudo, aos investimentos no projeto Cete, que envolveu a compra de 150 mil hectares de terras no Paraná, com desembolso de US$ 1,16 bilhão (aproximadamente R$ 5,9 bilhões na cotação da época). O objetivo foi reduzir custos operacionais, melhorar a logística e diminuir a dependência de fornecedores externos de madeira.
Resultado operacional: dados revelam força e riscos
Apesar da pressão no mercado, os números operacionais da Klabin mostram resiliência:
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Lucro líquido caiu 30% em 2024, mesmo após alta de 47% no 4º trimestre.
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Receita líquida subiu 2% no 1º trimestre de 2025, com leve queda de 2% no volume vendido.
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EBITDA avançou 13% no 1º tri de 2025, refletindo ganhos operacionais.
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Fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 5,1 bilhões, pressionado pelos investimentos no projeto Cete e outros ativos.
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Sem esses investimentos, a empresa teria gerado R$ 3,6 bilhões em caixa.
O plano da Klabin agora é entrar em uma fase de desalavancagem, focando na geração de caixa dos novos projetos para reduzir a dívida. A pressão de amortizações se intensifica a partir de 2028.
Ativo oculto: o patrimônio bilionário ignorado pelo mercado
O que muitos investidores desconhecem é que a Klabin possui um patrimônio florestal subavaliado no balanço.
No projeto Cete, a empresa pagou cerca de R$ 40 mil por hectare, com base em valores de 2020. Contudo, a consultoria FNP apontava que o preço médio do hectare no Paraná, na época da compra (2023), já estava próximo de R$ 70 mil, quase o dobro.
Atualmente, a Klabin declara em seu balanço R$ 28 bilhões em ativos imobilizados, principalmente terras e florestas. Esse valor é superior ao próprio valor de mercado da empresa, que está em torno de R$ 23 bilhões.
Se esse patrimônio fosse ajustado para o valor de mercado atual, a empresa poderia estar negociando com um desconto significativo na Bolsa, o que abriria espaço para uma reprecificação das ações.
A Klabin está barata? Avaliação por estratégias
Analisando pelos múltiplos:
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EV/EBITDA de 11,9, que gera um earning yield operacional de 8%, abaixo do mínimo de 15% observado nas empresas mais baratas da Bolsa.
Na ótica dos dividendos:
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A Klabin tem mantido um payout superior a 80%, mas com lucro líquido em queda desde 2020, o que pode comprometer a sustentabilidade dos dividendos nos próximos anos.
Análise técnica e fundamental
A tese da Klabin combina risco de curto prazo, por conta da alavancagem, com um potencial de valorização via reconhecimento do valor de seus ativos florestais, hoje subavaliados. A expectativa da gestão é que os investimentos feitos comecem a gerar retornos expressivos, permitindo a redução da dívida e o fortalecimento da geração de caixa.
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