A verdade sobre Cemig (CMIG4): dividendos menores e ação não está barata

A ação da Cemig (CMIG4) vem sendo apontada como uma das mais “baratas” da Bolsa, mas uma análise detalhada dos balanços revela uma realidade bem diferente. Apesar de ter registrado um lucro bilionário em 2024, grande parte desse resultado foi inflado por itens não recorrentes, como venda de ativos e créditos fiscais. Isso afeta diretamente o real potencial de dividendos e o valuation da companhia para 2025.

Lucro inflado por itens não recorrentes

O lucro líquido de 2024 da Cemig foi de R$ 7 bilhões, porém, sem os efeitos não recorrentes, o lucro recorrente fica na faixa de R$ 4 a R$ 4,5 bilhões para 2025.

  • Venda da Aliança Geração: gerou um ganho extraordinário que não se repetirá em 2025.

  • O lucro recorrente do 3º trimestre de 2024 caiu 6,6%, enquanto o consolidado saltou 165% devido aos itens extraordinários.

Essa diferença altera diretamente o principal indicador que muitos investidores olham: o Preço/Lucro (P/L). Atualmente divulgado em torno de 4 vezes, na prática, com lucros normalizados, o P/L real está entre 6,8 e 7,4 vezes, bem distante da suposta “pechincha”.

Dividendos devem cair em 2025

Muitos investidores projetam dividendos próximos de 17%, baseados nos resultados de 2024, o que não se sustenta.

  • A Cemig possui uma política de payout mínimo de 50% do lucro líquido.

  • Com lucro estimado entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões, o dividendo projetado fica em torno de R$ 0,75 a R$ 0,78 por ação.

  • Isso representa um dividend yield de 6,68% a 7% sobre a cotação atual de R$ 10,66.

Caso a companhia optasse por pagar mais, precisaria contrair dívida, o que não faz sentido financeiro, principalmente com um custo médio de dívida de 13,6% ao ano, frente à Selic de 14,75%.

Endividamento e investimentos pressionam caixa

O caixa da Cemig também merece atenção. Após a venda da Aliança Geração, a empresa encerrou o 1º trimestre de 2025 com R$ 4,75 bilhões em caixa, porém com obrigações relevantes:

  • Dívida a vencer em 2025: R$ 2,6 bilhões

  • Alavancagem: 1,41x dívida líquida/EBITDA

  • Investimentos previstos em 2025: R$ 6,35 bilhões, aumento em relação aos R$ 5,71 bilhões de 2024.

O caixa operacional não cobre sozinho esse montante, o que limita a capacidade da companhia de distribuir dividendos mais robustos.

Valuation e prêmio de risco

O retorno esperado, considerando um cenário otimista, é de 8,46% ao ano acima da inflação, enquanto o Tesouro IPCA+ 2035 oferece atualmente 7,29% + IPCA, entregando um prêmio de risco de apenas 16%, considerado baixo frente aos riscos do setor e do papel.

Perspectiva para CMIG4

  • Dividend yield estimado: entre 6,68% e 7%

  • P/L ajustado: entre 6,8 e 7,4 vezes

  • Retorno real estimado: 8,46% acima da inflação

  • Riscos: aumento da alavancagem, custos elevados de dívida, e impossibilidade de repetir os lucros extraordinários de 2024.

Na análise gráfica, a ação respeita um canal de alta desde 2020, porém, com a normalização dos resultados, há potencial de correção para a faixa de R$ 9,50 a R$ 10, buscando equilíbrio entre preço e fundamentos.

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