
‘Freed From Desire’ foi lançado pela italiana Gala em 1996. Hit ganhou paródias de torcidas inglesas e se espalhou por arquibancadas até chegar ao mundial. Conheça a história da música que virou trilha da Copa do Mundo de Clubes
Na primeira Copa do Mundo de Clubes, um hit dançante dos anos 90 vem embalando as vinhetas das transmissões. É “Freed From Desire”, da italiana Gala. Lançada em 1996, a música é um típico eurodance, aquele pop eletrônico com batidas aceleradas, vocais melódicos e refrões colantes. Esse som dominou paradas e pistas nos anos 90 e 2000.
O caminho de “Freed From Desire” até os estádios foi tão improvável quanto o de muitos clubes que sonham com o troféu de campeão mundial. Em 2016, um torcedor do Wigan Athletic, da terceira divisão inglesa, adaptou a letra para homenagear o centroavante do time.
“Will Grigg’s on Fire” dizia que o atacante norte-irlandês estava “pegando fogo” e virou hit nas redes sociais e na Eurocopa daquele ano.
Versões do hit foram entoadas pelo Manchester City, para exaltar o meia espanhol Rodri. Jamie Vardy, do Leicester City, ganhou sua versão durante a histórica campanha do título da Premier League em 2016. “Vardy’s on fire” também foi cantada pela torcida da seleção inglesa. O francês Antoine Griezmann jogou ao som de “Grizi’s on fire”.
Agora, “Freed From Desire” faz torcedores de Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense se arrepiarem, nas partidas do torneio nos Estados Unidos.
Ok, mas a cantora gostou disso?
A cantora italiana Gala no começo da carreira, nos anos 90; e em foto recente
Divulgação/Facebook da cantora
A força da canção nas arquibancadas fez Gala se emocionar. Ela contou em entrevistas recentes que ficou surpresa ao perceber que o público dos estádios estava dando uma nova vida à sua música. Originalmente, a faixa foi composta para ser uma mensagem de independência emocional e desapego de coisas materiais. “Libertado do desejo / Mente e sentidos purificados”, ela canta no refrão.
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Nascida em Milão, Gala Rizzatto foi um dos nomes mais marcantes da frase mais melódica e discreta da eurodance. O gênero misturava batidas eletrônicas, vocais potentes e certo exagero. Tinha um quê de kitsch (ou de brega), característica herdada da disco music italiana dos anos 80.
As primeiras versões da música, no entanto, não renderam tanto dinheiro para Gala. Ela disse que assinou um contrato “extramente injusto” com um produtor, em 1995. “Fui enganada e explorada por pessoas que considerava amigas”, resumiu.
Hoje, aos 49 anos, ela vive em Nova York, onde mantém uma carreira discreta. Entre seus lançamentos recentes, estão novas versões de “Freed From Desire”. Gala também segue fazendo shows, principalmente na Europa.
Deu a louca na eurodance
Capa de disco de remixes de ‘Freed from desire’, da cantora Gala
Reprodução
Antes de Gala, a eurodance já tinha produzido sucessos como “Rhythm of the Night”, do grupo italiano Corona, que tinha a brasileira Olga de Souza como uma das cantoras.
Mas, no fim dos anos 90, tudo mudou. Com o perdão do trocadilho, o grupo nórdico Aqua foi um divisor de águas: a eurodance entrou numa fase ainda mais caricata.
A partir daí, surgiram hits como:
“Blue (Da Ba Dee)”, do italiano Eiffel 65
“Stereo Love”, a “música da sanfona” do romeno Edward Maya
e “Dragostea Din Tei”, de um grupo da Moldávia chamado O-Zone. Foi essa canção que deu origem a “Festa no Apê”, de Latino.