Uma decisão que sacudiu o mercado financeiro, o Banco Central (BC) elevou a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano nesta quarta-feira (18), em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom). A medida reflete o aumento das pressões inflacionárias e, sobretudo, o descontrole das contas públicas, que tem levado a uma escalada nos juros.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, de 42 anos, fez questão de reforçar que a autarquia não hesitará em subir ainda mais os juros caso o governo não faça sua parte no controle fiscal. O recado foi direto: ou o governo age para equilibrar as finanças públicas, ou o BC continuará apertando a política monetária.
Mercado alerta: juros podem chegar a 17%
A decisão dividiu o mercado. Parte dos analistas, como os do BTG Pactual e Endbank, consideraram acertada a alta de 0,25 ponto percentual, diante de uma inflação desancorada e de uma atividade econômica artificialmente aquecida por estímulos via endividamento público e privado.
Outros, mais pessimistas, já falam em taxa Selic chegando a 17% ou até 18% ao ano, caso o governo não tome medidas imediatas para conter o aumento da dívida pública, que já ultrapassa 77% do PIB.
“É um recado duro e necessário. O Banco Central está fazendo a sua parte. Agora, cabe ao governo fazer ajustes na política fiscal”, afirmou José Bechara, vice-CIO do Endbank.
Governo pressiona, mas BC resiste
O aumento dos juros ocorre em meio a uma forte pressão política. Integrantes do governo, incluindo ministros e aliados no Congresso, fizeram críticas públicas ao Banco Central. A ala mais radical do governo acusa Galípolo e os diretores do Copom de serem “inimigos do povo” e defensores dos interesses do mercado financeiro.
Apesar dos ataques, o BC manteve sua postura técnica, reforçando a independência da instituição. O comunicado da decisão destacou que o descontrole fiscal tem pressionado a inflação e que a manutenção de juros elevados é essencial para garantir a estabilidade econômica.
Inflação segue fora da meta e juros reais passam de 10%
A inflação no Brasil segue acima da meta estabelecida, que é de 3%, podendo encerrar 2025 acima de 5,5%, segundo projeções do próprio BC. Com a Selic a 15%, os juros reais — descontada a inflação — já ultrapassam 10%, um dos maiores do mundo.
Esse nível de juros impacta diretamente o crédito, o consumo e os investimentos, trazendo o risco de uma recessão prolongada, caso o governo não ajuste seu rumo fiscal.
Fed mantém juros nos EUA, mas alerta para riscos globais
No cenário externo, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve os juros entre 4,25% e 4,50%, mas alertou que as tarifas comerciais impostas pelo governo Trump e as tensões geopolíticas podem gerar novos riscos para a inflação global e a atividade econômica.
Segundo Jerome Powell, presidente do Fed, “leva algum tempo para que as tarifas atinjam a cadeia de consumo”, mas os sinais de aumento nos preços já começam a aparecer em setores como eletrônicos e bens de consumo duráveis.
Dólar sobe e Ibovespa fecha em leve queda
O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,50, com alta de 0,07%. Já o Ibovespa fechou praticamente estável, com leve queda de 0,09%, aos 138.716 pontos, refletindo a cautela dos investidores diante do cenário interno e externo.
A Bolsa operou em forte volatilidade ao longo do dia, com os investidores reagindo tanto à decisão do Copom quanto à manutenção dos juros nos EUA.
Juros podem subir ainda mais
O Banco Central deixou claro que, se o governo não sinalizar um compromisso efetivo com o ajuste fiscal, novas altas na Selic estão no radar. O cenário é de alerta máximo para investidores, empresas e consumidores.
Se o desequilíbrio fiscal persistir, a projeção mais conservadora aponta Selic chegando a 15,5%, enquanto os cenários mais duros falam em 17% ou até 18% ao ano, o que levaria a economia brasileira a um freio brusco, desemprego em alta e recessão.
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