Peso argentino despenca com câmbio flutuante; bolsas de valores registram alta

A economia da Argentina vive um novo capítulo após o anúncio da introdução do câmbio flutuante no país, medida que gerou tanto reações de incerteza quanto de otimismo no mercado financeiro. A decisão do presidente Javier Milei de liberar parcialmente os controles cambiais, em vigor desde 2019, fez o peso argentino sofrer uma forte desvalorização. Contudo, surpreendentemente, as ações e os títulos internacionais do país demonstraram uma recuperação positiva.

Impacto imediato da medida

No primeiro dia de implementação do câmbio flutuante, o peso argentino desvalorizou para 1.210 unidades por dólar, uma queda significativa em relação aos 1.097 pesos da semana anterior. Essa mudança vem acompanhada de um histórico apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), que liberou um aporte inicial de 12 milhões de dólares, como parte de um total de 7 bilhões de dólares previstos para fortalecer a economia argentina.

O governo, com o respaldo do FMI, também anunciou mudanças nas políticas de compra de dólares. Agora, cidadãos argentinos podem comprar dólares de forma ilimitada, com restrições apenas para empresas, que só poderão enviar dividendos para o exterior após 2026. Essa medida visa estabilizar a moeda local e reduzir a pressão sobre as reservas internacionais.

O impacto nas bolsas e títulos internacionais

Apesar da queda no valor do peso, o mercado financeiro reagiu positivamente, com as bolsas de valores locais registrando um aumento de mais de 5% logo após o anúncio da medida. As empresas argentinas, especialmente aquelas que possuem títulos internacionais, viram uma valorização considerável, impulsionada pela expectativa de que a flutuação da moeda possa trazer mais estabilidade e previsibilidade para os investidores internacionais.

Segundo especialistas, a medida pode ser o início de uma trajetória de recuperação para a Argentina, embora ainda haja muitos desafios a serem enfrentados. O economista Marcos Labart, sócio-fundador da GT Capital, analisa que o novo regime cambial pode ajudar a restabelecer a confiança no peso, além de impulsionar o comércio internacional e as exportações argentinas, que estavam fortemente restritas devido ao controle do dólar.

Desafios para o futuro

Apesar das reações positivas no curto prazo, há uma série de desafios pela frente. A economia argentina ainda sofre com elevados níveis de inflação e um desemprego significativo. A desigualdade social, exacerbada pela crise econômica, é outra preocupação. Com a desvalorização do peso, muitos argentinos foram forçados a recorrer ao mercado paralelo para acessar o dólar, o que aumentou a disparidade de renda e gerou incertezas.

A continuidade das medidas do presidente Milei, com o apoio do FMI, será crucial para estabilizar a economia a longo prazo. No entanto, o governo enfrenta um dilema: enquanto tenta controlar a inflação e melhorar a confiança no peso, também precisa lidar com as tensões internas e externas, incluindo a dificuldade de conciliar a necessidade de austeridade fiscal com as demandas de uma população empobrecida.

Perspectivas para o mercado

A médio e longo prazo, o mercado financeiro continuará a monitorar de perto as decisões do governo argentino. A recuperação do país depende, em grande parte, de como o novo regime cambial se adaptará às mudanças globais, como as políticas comerciais dos Estados Unidos e os impactos das tensões geopolíticas. O ajuste da taxa de câmbio e a manutenção da estabilidade financeira serão os principais fatores que definirão a trajetória econômica da Argentina.

A adoção do câmbio flutuante na Argentina representa um marco importante nas políticas econômicas do presidente Javier Milei. Embora tenha causado uma desvalorização inicial do peso, as reações do mercado indicam uma possível recuperação das bolsas e do comércio internacional. No entanto, desafios significativos persistem, e o futuro econômico da Argentina dependerá de como o governo conseguirá equilibrar as medidas de austeridade fiscal com a necessidade de fortalecer a moeda local e reduzir a desigualdade social.

O post Peso argentino despenca com câmbio flutuante; bolsas de valores registram alta apareceu primeiro em O Petróleo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.