A conta de Instagram que teria sido utilizada pelo tenente-coronel Mauro Cid para falar de seu acordo de delação premiada foi criada com um e-mail em nome do militar.A informação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada pela Meta, dona do Instagram, mas estava sob sigilo. Nesta segunda-feira, 23, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o documento fique público.Moraes também liberou outro documento, enviado pelo Google, que detalha a criação da conta de e-mail. O endereço foi criado em 2005 e o aniversário do dono da conta é o mesmo de Cid.Durante o interrogatório de Cid no STF, na semana passada, o advogado Celso Vilardi, da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), perguntou ao militar se ele havia conversado sobre o conteúdo de sua delação com outras pessoas pelo Instagram. Ele negou.Em seguida, Vilardi questionou se ele conhecia um perfil chamado “GabrielaR702”. Cid respondeu que Gabriela é o nome de sua esposa, mas que não sabia se esse era o perfil dela.Dias depois, a revista Veja publicou mensagens que teriam sido enviadas por Cid, sobre sua delação, por meio desse perfil.InvestigaçãoA defesa do tenente-coronel Mauro Cid negou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) tenha usado redes sociais para se comunicar em violação às medidas cautelares impostas no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.Além disso, os advogados do oficial pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF), que investigue a autoria de um perfil atribuído ao militar. Eles classificam como “falsidade grotesca” as mensagens publicadas pela revista Veja e atribuídas ao militar e alegam que as mensagens são falsas e estão fora de contexto, apontando para uma possível montagem.Ao STF, a defesa de Cid afirmou que o ex-ajudante de ordens jamais utilizou o perfil e que a conta não tem relação com a esposa do delator, apesar de levar o mesmo nome.Os advogados citam ainda a presença de erros grosseiros de português, o uso de forma de tratamento inadequada entre militares e a inclusão de informações que não constam dos depoimentos oficiais de Cid. Afirmam também que os diálogos apresentam uma linguagem incompatível com a de Mauro Cid, classificando-a como “grosseira, quase analfabeta”.PrisãoNa semana passada, o advogado Eduardo Kuntz, que atua na defesa do ex-assessor presidencial Marcelo Câmara, informou ao STF que foi ele que conversou com Cid por essa conta e apresentou mais mensagens.Câmara é um dos réus do chamado “núcleo dois” da trama golpista, enquanto Cid faz parte do considerado “núcleo crucial” da suposta organização criminosa que teria tentado um golpe de Estado.Na quarta-feira, 18, Moraes mandou prender Câmara e determinou que ele e Kuntz sejam investigados por possível obstrução de Justiça.”São gravíssimas as condutas noticiadas nos autos, indicando, neste momento, a possível tentativa de obstrução da investigação, por Marcelo Costa Câmara e por seu advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, que transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado”, afirmou Moraes.
Cid teria usado e-mail com seu nome para criar conta no Instagram
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