O dólar começou o ano de 2025 em forte alta, cotado a R$ 6,30. No entanto, em menos de seis meses, a moeda americana recuou para a faixa dos R$ 5,50 — uma queda de aproximadamente 12%. Essa mudança repentina no câmbio gerou dúvidas entre os investidores: por que o dólar está caindo? E será que ele ainda pode cair mais? Este artigo explica os principais fatores que têm pressionado a moeda norte-americana e aponta os possíveis cenários para os próximos meses.
Juros altos no Brasil: atração para o capital estrangeiro
Um dos principais fatores que explicam a queda do dólar em relação ao real é a elevada taxa Selic, que está atualmente em 15% ao ano — o maior patamar em mais de duas décadas. Esse nível de juros torna os investimentos em renda fixa no Brasil extremamente atraentes para investidores internacionais.
Investidor estrangeiro de olho no Brasil
Com os juros tão elevados, o Brasil passa a oferecer um prêmio de risco considerável para quem busca rendimento em meio à instabilidade dos mercados globais. Mesmo com riscos fiscais e políticos, o retorno de 15% em ativos considerados conservadores, como CDBs e títulos públicos, chama atenção de fundos estrangeiros. Com o aumento da entrada de dólares no país, a oferta da moeda sobe e, por consequência, o preço dela cai em relação ao real.
Inflação interna forçou alta dos juros
A decisão do Banco Central brasileiro de elevar a Selic veio em resposta à inflação persistente, que voltou a subir nos últimos meses e já se aproxima de 6% no acumulado anual. Para conter esse avanço, a autoridade monetária intensificou o aperto monetário, o que reforça ainda mais o apelo da renda fixa brasileira.
Juros em queda nos EUA: saída de capital e dólar enfraquecido
Enquanto o Brasil sobe juros, os Estados Unidos seguem o caminho oposto. A Fed (Federal Reserve), o banco central americano, reduziu a taxa de juros de 5,5% para 4,5% desde o final de 2024. E as projeções indicam que esse movimento deve continuar, com estimativas apontando uma taxa em torno de 3,75% até o fim de 2025.
Rendimento menor nos EUA, capital vai embora
Com retornos cada vez menores na renda fixa americana, muitos investidores têm buscado alternativas em mercados emergentes, como o Brasil. Além disso, a inflação americana está controlada, girando em torno de 2,4%, o que justifica essa política mais branda por parte do Fed. Esse fluxo de saída de capital dos EUA, somado a uma economia americana que cresce menos do que o esperado, acaba desvalorizando o dólar globalmente.
Trump e o novo protecionismo americano
Outro fator que pressionou o dólar em 2025 foi o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Logo no início do mandato, Trump reinstaurou tarifas de importação, elevando tensões comerciais com países como China e membros da União Europeia.
Reações globais e desvalorização da moeda
A resposta imediata foi um aumento na incerteza econômica, que gerou volatilidade no mercado cambial e provocou a queda do índice DXY, que mede a força do dólar frente às principais moedas do mundo. Até junho, o índice já acumula uma queda de quase 10%, refletindo o enfraquecimento da moeda americana.
Projeções: o dólar pode cair ainda mais?
Apesar do dólar ter recuado para R$ 5,50, alguns analistas enxergam espaço para uma queda adicional até R$ 5,30 ou até R$ 5,00, caso o cenário atual se mantenha. No entanto, é importante observar que essa desvalorização do dólar pode ser temporária.
Queda do dólar: oportunidade ou armadilha?
Especialistas alertam que a queda atual não se deve a melhorias na economia brasileira, mas sim a uma fraqueza conjuntural da economia americana. Quando os EUA retomarem o crescimento e voltarem a subir os juros, a tendência é que o dólar volte a subir em relação ao real. Além disso, o próprio Brasil ainda enfrenta desafios fiscais, inflação alta e riscos políticos, o que pode reverter rapidamente esse cenário.
IOF mais alto: vale a pena esperar?
Outro ponto que tem causado indecisão entre investidores brasileiros é o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para envio de dinheiro ao exterior, que subiu de 0,38% para 1,10%. Muitos cogitam adiar a compra de dólares na esperança de uma eventual redução da alíquota.
Esperar pode custar mais caro
Mas será que faz sentido esperar? Um exemplo prático mostra que, mesmo com IOF mais caro, comprar dólar agora pode ser mais vantajoso do que pagar um IOF menor no futuro com o dólar a R$ 6. A diferença cambial pode anular qualquer economia no imposto. Esperar uma redução do IOF pode sair mais caro caso a moeda volte a subir.
Continuar dolarizado faz sentido?
O atual momento representa uma oportunidade importante de diversificação cambial para investidores brasileiros. Com o dólar enfraquecido e a taxa de juros no Brasil em alta, o custo de adquirir moeda americana está mais baixo, apesar do IOF.
“Historicamente, o dólar sempre valorizou frente ao real. Mesmo com oscilações de curto prazo, a tendência de longo prazo é de alta, devido à estabilidade econômica dos EUA em comparação ao Brasil”, destaca o consultor financeiro Léo Fittipaldi.
Para quem pretende investir no exterior, o recado é claro: não espere o dólar voltar a subir para começar. Aproveitar os momentos de baixa é uma das estratégias mais eficazes para montar uma carteira equilibrada e blindada contra a volatilidade da economia brasileira.
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