Aurora Mesquita, uma bebê recém-nascida, precisou ser transferida de Rio Branco, no Acre, para o Hospital João XXIII, em BH, após sofrer queimaduras de 3º grau nas pernas e nos pés durante o primeiro banho na maternidade. O hospital mineiro é reconhecido como referência nacional no atendimento a queimados, abrigando o maior Centro de Tratamento de Queimaduras do Brasil.
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O fato ocorreu no último domingo (22), dia seguinte ao nascimento, em uma maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. Segundo a Polícia Civil do Acre (PCAC), após o parto, a pediatra responsável pelo parto deu alta para a criança, uma vez que ela apresentava perfeito estado de saúde. No entanto, conforme o delegado Vinícius Almeida, responsável pelo caso, a profissional pediu à família que esperasse o primeiro banho de Aurora no hospital. Após o banho, a criança precisou ser internada na UTI Neonatal da Maternidade Bárbara Heliodora com quadro de queimaduras nos membros inferiores.
De acordo com o delegado, a perícia técnica da PCAC esteve no local e constatou que a torneira utilizada para dar banho em Aurora atinge temperaturas de até 57 ºC, mas “isso não significa que essa é a temperatura que estava no momento do banho que a criança recebeu”, elucidou. Além disso, os policiais ouviram testemunhas oculares do caso, que confirmaram as altas temperaturas.
Ainda segundo a PCAC, outros bebês também tomaram banho no mesmo momento em que Aurora e não sofreram queimaduras. Conforme um dos pais relatou, a técnica de enfermagem teria retirado a água e deixado descansar por aproximadamente quatro minutos, banhando a criança em água de temperatura mais amena antes de levar para a banheira.
Além da suspeita de queimadura em decorrência da temperatura da água, a perícia também aguarda os resultados dos exames que vão avaliar se a criança é portadora de uma doença que provoca bolhas no corpo e sintomas de queimaduras. Conforme o delegado, outros dois casos dessa doença já ocorreram na mesma maternidade.
Em nota enviada ao BHAZ, a direção do Hospital João XXIII informou que a paciente já está recebendo toda assistência necessária. No entanto, não é possível entrar em detalhes sobre o estado de saúde de Aurora, por conta do sigilo do prontuário médico e da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “A equipe clínica está à disposição dos familiares para qualquer esclarecimento, a qualquer momento”, finalizou a nota.
O BHAZ também tenta contato com o Ministério Público do Acre e com os pais de Aurora.
O que diz o Governo do Acre
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) informou, na última terça-feira (24), que tem atuado “com prioridade e sensibilidade”, oferecendo assistência integral por uma equipe multiprofissional. A pasta também afirmou que Aurora passou por exames que podem esclarecer o diagnóstico, como o painel genético.
A Sesacre disse que avaliou a necessidade de transferência para uma unidade de referência já nos primeiros sinais de agravamento do quadro de saúde de Aurora. “A escolha do Hospital João XXIII foi feita com base técnica, sempre pensando no que há de melhor em termos de atendimento especializado”, afirmou o secretário de Saúde, Pedro Pascoal.
Além disso, o governo do Acre esclareceu que uma equipe de apoio psicossocial está acompanhando os pais de Aurora, oferecendo acolhimento e suporte integral.
No que diz respeito à técnica responsável pelo banho da bebê, a Sesacre destacou que a profissional foi “identificada e afastada temporariamente, após instauração de um Processo Administrativo Disciplinar para apuração rigorosa dos fatos”, disse em nota.
“A Sesacre não compactua com qualquer violação de conduta e assegura que todas as medidas cabíveis serão adotadas com transparência e rigor, a fim de garantir a responsabilização dos envolvidos”, finalizou.
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