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Isso porque, com a derrubada do decreto presidencial que previa o aumento do imposto federal que é incidido nas transações de crédito, investimentos, câmbio, investimentos e outros – o governo federal precisa mexer os ‘pauzinhos’ com propostas alternativas para compensação e equilíbrio fiscal.“Essa proposta de aumento do IOF que o governo estava estimando receber no primeiro ano algo perto de R$ 7 bilhões é muito pequena, num valor absoluto. O problema do governo é bem maior, mas isso mostra o quanto difícil está para o governo fechar as contas sem recorrer a medidas que são claramente impopulares. Nenhuma dessas alternativas que foram colocadas resolve o problema sozinha porque vivemos uma situação em que a arrecadação está crescendo, mas os gastos obrigatórios que são mais rígidos crescem junto com o aumento das receitas, às vezes muito maior”, disse a economista Juliana Ianhz.Soteropolitanos podem sofrer com os cortesApesar de ser um imposto federal, o IOF teria um impacto em todos os cantos do Brasil. Os caminhos alternativos, também são alertas para um corte iminente em recursos sociais, isso incluí para os soteropolitanos, que podem sentir o impacto diretamente em programas sociais, como o Bolsa Família.“A gente sabe que programas sociais como o Bolsa Família tem uma presença muito forte no Nordeste. Então, muito provavelmente, Salvador sentiria o impacto mais do que cidades que dependem menos desse recurso para alavancar as atividades locais. Então, quanto maior a dependência da cidade com relação aos programas sociais, se o corte acontecer, maior é o impacto”, disse a economista.A Bahia possui mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada. Neste ano, o estado baiano registrou 2,48 milhões de beneficiários do programa social, segundo números da Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad). O número é um impacto principalmente para quem depende integralmente do valor, até mesmo para custear serviços essenciais.“O segundo ponto seria pensar, por exemplo, em corte de verbas para serviços básicos, como saneamento, saúde, educação, que dependem de convênios federais com a prefeitura. Havendo cortes, naturalmente chegariam na população através de menor prestação de serviços. Há impacto também com corte de investimento em infraestrutura: habitação, transporte, urbanização, rede de esgoto”, continuou ela.“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”A proposta que aumenta o Imposto de Operações Financeiras além de não estar sendo bem vista por congressistas, também não agrada empresários, isso porque a alta do imposto mexe com que está na ponta da atividade produtiva: os microempreendedores em Salvador, que resiste tendo o maior contingente de MEIs do Nordeste.“O aumento do IOF geraria um encarecimento de operações de crédito. Então, empréstimos, financiamentos, capital de giro, até uso de, por exemplo, cheque especial, recursos mais diretos ficariam mais caros.O buraco é mais embaixoA professora da Insper aponta ainda, que todas as alternativas podem ter um impacto aos brasileiros, principalmente ao que se refere a cortes de gastos com recursos essenciais que são oferecidos através de serviços, mas que o problema do sistema fiscal é ainda maior.“O modelo fiscal que o Brasil adota está no limite. Se a gente não fizer uma reforma estrutural e não, talvez não seja uma, mas são algumas reformas estruturais, a gente vai continuar empurrando o problema com a barriga e apagando incêndio com solução que é completamente pontual e paliativa. A consequência disto são créditos caros, juros altos, queda de consumo e o impacto na qualidade dos serviços prestados tanto na esfera privada quanto pública”, continuou ela.