Tesouro Direto: Como dobrar o investimento em 3 anos com marcação a mercado?

Em meio ao cenário de juros altos e busca por rendimentos consistentes, a promessa de dobrar o capital investido no Tesouro Direto em apenas três anos vem chamando atenção de muitos brasileiros. Mas será que essa possibilidade é real? E mais importante: ela é segura?

A estratégia que tem encantado muitos investidores é conhecida como marcação a mercado, mecanismo que, embora ofereça boas oportunidades de ganhos, também envolve riscos consideráveis — principalmente para quem não entende bem como o mercado de juros funciona.

O que é marcação a mercado?

A marcação a mercado é uma prática que atualiza diariamente o valor de um título público de acordo com as condições do mercado, especialmente as taxas de juros. Essa variação é o que permite que um título comprado hoje seja vendido mais caro amanhã — ou, ao contrário, gere prejuízo em caso de venda antecipada.

Em títulos como o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+, o preço do título oscila conforme as expectativas do mercado. Quando os juros futuros caem, o valor do título sobe. E é justamente nessa valorização que mora o “pulo do gato”.

Como é possível dobrar o capital?

Vamos a um exemplo prático: suponha que um investidor adquira o Tesouro IPCA+ 2050 pagando R$ 3.000, com uma taxa de IPCA + 6,91% ao ano. Se, nos próximos 3 anos, a taxa oferecida cair para IPCA + 4,5%, esse mesmo título poderá ser vendido antecipadamente com lucro expressivo — mais de R$ 6.380 líquidos, mais que dobrando o capital aplicado.

Esse ganho, porém, não é garantido. Ele depende exclusivamente do comportamento dos juros futuros — e é aqui que reside o maior perigo da estratégia.

O perigo da especulação com juros futuros

Investir com base na marcação a mercado é, essencialmente, uma forma de especulação. O investidor aposta que os juros cairão nos próximos meses ou anos, fazendo com que os preços dos títulos subam e permitam um resgate lucrativo antes do vencimento.

Entretanto, caso o cenário não se concretize — ou pior, os juros aumentem — o valor do título cairá, podendo resultar em perdas significativas caso haja necessidade de resgate antecipado.

A recomendação de especialistas é clara: nunca invista dinheiro que você poderá precisar antes do vencimento do título, pois a volatilidade do mercado pode jogar contra o investidor.

Duration: quanto maior o prazo, maior o risco

Títulos com vencimentos mais longos, como o Tesouro IPCA+ 2050, são mais sensíveis à variação de juros. Esse fenômeno é explicado pelo conceito de duration, que mede o impacto das mudanças na taxa de juros sobre o preço do título.

Se a taxa oscilar 1% para cima ou para baixo, o efeito será muito mais agressivo em títulos com vencimento em 25 anos do que em títulos que vencem em 4 anos.

Por que as taxas variam?

As taxas oferecidas pelo Tesouro Direto são determinadas pelas expectativas do mercado quanto à inflação, taxa Selic e risco fiscal do país. Se o cenário macroeconômico piora — aumento do déficit público, inflação descontrolada, instabilidade política — o mercado exige maiores taxas para financiar o governo.

Por outro lado, se o cenário melhora, as taxas caem, elevando os preços dos títulos já comprados. É nesse momento que o investidor pode vender antecipadamente com lucro.

E se tudo der errado?

Se os juros não caírem — ou pior, se subirem — o investidor pode ver o valor do seu título cair drasticamente. No entanto, se mantiver o título até o vencimento, receberá exatamente a rentabilidade contratada no momento da compra.

Ou seja, o risco da marcação a mercado só se concretiza se houver resgate antecipado.

Cuidado com as simulações irrealistas

Ferramentas de simulação, como a calculadora do Tesouro Direto, podem mostrar cenários tentadores. Um investimento de R$ 3.000 em IPCA+ 2050, com taxa de 6,91%, pode mais que dobrar se as taxas caírem. Mas o que pouca gente diz é que esse ganho só se materializa se o mercado seguir o roteiro ideal — o que é raro.

Como investir com segurança?

Se você deseja tentar ganhar com a marcação a mercado, algumas regras são fundamentais:

  • Use apenas capital que você pode manter até o vencimento.

  • Evite aplicar recursos de curto prazo.

  • Tenha consciência de que está especulando com juros futuros.

  • Saiba que o momento certo de vender é imprevisível.

Tesouro direto x Renda variável

A dinâmica dos juros futuros também afeta diretamente a renda variável. Quando os juros caem, a renda fixa perde atratividade e o mercado se antecipa, valorizando ações e fundos imobiliários (como o IFIX e o Ibovespa).

Quem resgata títulos públicos com lucro pode se deparar com a dificuldade de encontrar novas boas oportunidades, já que os ativos de risco já terão subido.

É uma boa estratégia?

A marcação a mercado não é uma fórmula mágica. Pode ser vantajosa para quem entende o cenário econômico e tem disciplina para manter o título até o vencimento, caso a estratégia não se concretize.

Mas para o investidor iniciante, o mais seguro continua sendo investir com foco no vencimento, sem depender de movimentos de curto prazo do mercado.

Dica final: Se o seu perfil é mais conservador, foque na segurança dos rendimentos contratados. Mas se quiser se expor à volatilidade, vá com prudência e conhecimento.

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