A chegada da BYD à Bahia, com investimento de R$ 5,5 bilhões, representa um marco estratégico para a economia baiana. Trata-se da primeira fábrica da montadora chinesa fora da Ásia e, neste 1º de julho, véspera da maior data cívica do Estado, o início da montagem de veículos evidencia uma expressiva retomada da indústria local, projetando mais de 20 mil postos diretos e indiretos quando estiver em pleno funcionamento.Mais: representa uma transição da petroquímica para a eletromobilidade, atraindo novos fornecedores e gerando um efeito multiplicador na cadeia de valor.O protagonismo da Bahia e o empenho do Governo do Estado como alavanca de desenvolvimento, emprego e justiça social colocam Camaçari no mapa global da indústria limpa, abrindo caminho para inovações, inclusão e sustentabilidade.É uma virada sustentável que já se faz sentir na economia nordestina. Renda, logística e energia limpa avançam de forma integrada sob a articulação dos governos estaduais, do governo federal e do Consórcio Nordeste — instrumento de integração dos nove estados nordestinos que, desde 2019, unem forças para impulsionar o desenvolvimento da nossa região e superar a histórica desigualdade regional.Os números comprovam essa pujança. Segundo o IPC Maps 2025, as famílias nordestinas movimentarão R$ 1,5 trilhão em consumo neste ano—18,6 % do total nacional. Este valor é o correspondente a quase vinte vezes mais do que é investido na região pelo programa Bolsa Familia, por exemplo, que juntamente com outros programas sociais, ajuda a interiorizar e dinamizar nossa economia. Mas, também reafirma que o Nordeste é mais do que programas sociais. A região produziu um PIB de R$ 1,4 trilhão em 2022 e, somente em 2024, gerou cerca de meio milhão de novos postos formais de trabalho, resultante do crescimento de cadeias ligadas à economia verde e à infraestrutura.O Novo PAC injeta aproximadamente R$ 320 bilhões em todo o Nordeste, financiando rodovias, moradias, escolas de tempo integral, saneamento e internet de alta velocidade que criam ambiente favorável a negócios sustentáveis. Na Bahia, são R$ 97 bilhões em recursos que incluem a duplicação de estradas estratégicas e a expansão de sistemas de esgotamento em 53 municípios.Esse dinamismo tem rosto e sotaque: gente trabalhadora e criativa, que transforma desafios em oportunidade e espalha cultura e alegria por onde passa. São agricultores familiares que diversificam suas lavouras com energia solar, jovens conectados com o mundo digital, mestres da cultura popular que reinventam o futuro sem abandonar as raízes. É sobre esses ombros que se ergue a nova economia nordestina.Em meu estado, o Programa Baiano de Transição Energética (Protener) destina R$ 10 bilhões à energia eólica, solar e hidrogênio verde. Já lideramos o segmento de energias renováveis com 32 % da potência eólica e 28 % da solar do país. Realidades semelhantes se multiplicam em Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.Agora em maio, em viagem à China, apresentei o case baiano a investidores daquele país. O retorno já ecoa em empregos e serviços: a Bahiafarma, com a Hotgen, fabricará grande quantidade de material de saúde na Bahia, fortalecendo o SUS; a BYD e seus fornecedores negociam produzir localmente 80 % das peças dos carros elétricos que sairão de Camaçari, com perspectiva de dez mil vagas diretas e indiretas; e fundos asiáticos sinalizaram recursos para a Ponte Salvador–Itaparica.Desenvolvimento só cumpre sua promessa quando a energia limpa ilumina a casa, o emprego garante o prato de comida e a estrada pavimentada encurta a ida à escola. A experiência baiana—e, cada vez mais, nordestina—demonstra que atrair investimento estrangeiro, proteger o ambiente e incluir quem estava à margem podem, sim, caminhar juntos.
A nova economia nordestina e a transição industrial
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