Nunca se viram tantos lançamentos de bebidas sem álcool no mercado: drinks, cervejas, espumantes, vinhos, rótulos tradicionais e novas marcas apostam em versões 0%. O que antes era exceção virou comportamento. Não é uma tendência futura: é o presente.
E os bares precisam estar atentos a essa mudança, pois ela já começou. Muitos já criam, testam e repensam o que é experiência com ou sem álcool. Não se trata apenas de preencher o cardápio, é sobre acolher uma escolha real, um estilo de vida em transformação. Mas nem sempre foi assim.
Durante muito tempo, a cerveja sem álcool foi alvo de certo deboche. Não era tratada como uma opção legítima. Muitas vezes, nem ocupava o mesmo espaço da cerveja comum; ficava esquecida no freezer dos refrigerantes, à temperatura errada ou até mesmo quente. Sem cuidado, sem respeito à experiência que ela também pode proporcionar. Isso ainda acontece em muitos lugares, mas começa a mudar graças a esse movimento. Segundo pesquisas, vem crescendo significativamente no mundo.
Por que isso está acontecendo?
Um estudo do Datafolha revelou que 53% dos brasileiros que consomem bebidas alcoólicas afirmaram ter reduzido o consumo no último ano. A redução foi ainda mais expressiva entre os jovens, com a geração Z apresentando queda notável no consumo.
A pesquisa da Go Magenta aponta a mesma tendência, com muitos jovens buscando alternativas mais saudáveis e equilibradas, segundo a Veja Rio. A conscientização sobre os riscos do álcool e a busca por uma vida mais saudável impulsionam essa mudança de comportamento.
Claro que parte disso é mercado, mas também é comportamento. As pessoas, especialmente os jovens, buscam outro tipo de presença: mais clareza mental, qualidade de vida, bem-estar e equilíbrio entre diversão e saúde.
BH está acompanhando esse movimento?
O Xeque Mate, drink belo-horizontino e orgulho de Minas, já entendeu esse movimento e lançou sua versão sem álcool. Isso surpreendeu quem ainda não percebeu que isso já é uma realidade.
Nessas andanças por bares e após um tempo sem consumir bebidas alcoólicas, percebi que muitos proprietários investem num estoque menor de cervejas zero e muitas vezes, tratam drinks sem àlcool com uma opção kids.
Conversei com Gustavo Catalan, proprietário do Churras, bar e restaurante no bairro Castelo — um empreendedor com espírito marketeiro, que busca se manter atento ao que o seu público precisa e às tendências do mercado. Ao levantarmos essa pauta, ele compartilhou que já possui drinks sem álcool:
“A gente tem opções sem álcool, mas não estamos colocando drink sem álcool no cardápio só para dizer que tem; estamos investindo em uma cartela especial.”
Na minha percepção, por circular por diversos bares, o mercado gastronômico precisa entender esse movimento 0%. Essas opções devem ser escolhas legítimas e não apenas substitutos secundários, porque a falta desse cuidado influencia diretamente a experiência do cliente.
É bonito ver isso em lugares onde o brinde nunca foi só sobre a bebida. Talvez estejamos voltando à essência: estar junto através da comida.
Com a gastronomia que Minas oferece, é possível ser feliz com ou sem álcool. Encontramos muito sabor e verdade em cada esquina. Vejo esse movimento como inclusão. É um convite à presença, à escolha consciente, à liberdade de ser quem se é, sem precisar explicar. Um bar que acolhe também quem não quer beber está mais preparado para o presente e mais aberto ao futuro.
Para uma geração como a minha, que cresceu com o álcool nas rodas, encontros e celebrações, tudo isso pode causar estranheza no começo. Mas basta um olhar mais atento e inclusivo para entender que não se trata de substituir nada. É apenas mais uma forma de brindar. E quanto mais formas de brindar, melhor.
O que você acha desse movimento?
O post BH também é sóbria: o novo movimento sem álcool e o impacto nos bares da capital apareceu primeiro em BHAZ.