| Foto: Cred Jasin Boland | Universal Pictures and Amblin Entertainment
Após aquele divertido passeio urbano, Spielberg assumiu, na terceira parte, a função apenas de produtor, deixando o comando para seu pupilo, o cineasta Joe Johnston, que dirigiu a produção que primeiro percebeu e concretizou as diversas possibilidades de imersão naquele universo pré-histórico para além da premissa de apenas um parque temático.Com Jurassic Park III (2001), ficou claro que a presença dos dinossauros nos mais variados ambientes poderia render, visualmente, um ótimo produto de entretenimento. E foi justamente com essa ideia que, 14 anos depois, em 2015, Jurassic Park mudou de nome e se tornou Jurassic World, primeiro filme da nova trilogia estrelada por Chris Pratt e que conseguiu, com eficiência, levar para frente o legado que Spielberg gerou.Mesma história
Scarlett Johansson estrela o filme
| Foto: Cred Jasin Boland | Universal Pictures and Amblin Entertainment
Corta para 2025. Na era das recriações digitais feitas em aplicativos de celular através de inteligência artificial, muito do desafio que a Universal Pictures possui ao ordenhar novamente essa teta jurássica se dá pela necessidade de criar para seu público um espetáculo imagético que se garanta em duas horas de entretenimento. A história? Bom, essa pode ficar em segundo plano, afinal, vai se centrar sempre na básica proposta de plano malfadado para obter lucro, mas que acaba por dar errado e resulta em morte, corridas frenéticas e um salvamento quase tardio. Basicamente uma variação da proposta de resgate de aventureiros e de crianças perdidas que o clássico original cunhou tão bem.Assim, em Jurassic World: Recomeço, a ideia é a mesma vista lá atrás. Agora, com gananciosos executivos da indústria farmacêutica buscando lucrar com o DNA dino, mas que, claro, acabam virando carne entre gengivas répteis. Na trama, Scarlett Johansson e Mahershala Ali vivem uma dupla de mercenários de bom coração (?!) que encaram a missão de buscar amostras de sangue de dinossauros de grande porte após serem contratados pelos citados magnatas fabricantes de remédios cardíacos. Colocado esse cenário em ordem, seguem para região da linha do equador, local onde ainda vivem os bichões remanescentes, uma vez que a grande maioria deles se tornou um estorvo para a humanidade após ganharem o mundo ao final da trilogia anterior.
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Diálogos constrangedores
| Foto: Cred Jasin Boland | Universal Pictures and Amblin Entertainment
O filme, dirigido pelo mesmo Gareth Edwards do Godzilla de 2014 (isso não é uma coincidência, claro) e do ótimo Star Wars: Rogue One (2016), tem seus bons momentos visuais ao investir na mesma ideia de explorar os variados ambientes onde vivem os dinossauros terrestres, aquáticos e alados. A missão da turma, inclusive, é coletar uma amostra de cada tipo. Mas em sua trama, repleta de personagens supostamente pragmáticos, mas totalmente estúpidos nos momentos que mais precisam da esperteza que anunciam possuir, esse renascimento do seu título original se mostra natimorto.Com um texto do consagrado David Koepp, autor do roteiro do Jurassic Park original (aqui, infelizmente, em momento pouco inspirado), o longa apresenta diálogos constrangedores que envolvem uma suposta idoneidade e altruísmo de seus protagonistas. Para piorar, tais diálogos ainda trazem uma tentativa de inserir profundidade dramática a tais falas, utilizando de forma totalmente forçada e inadequada o tema musical de John Williams ao fundo.
O diretor Gareth Edwards
| Foto: Cred Jasin Boland | Universal Pictures and Amblin Entertainment
Porém, é preciso pontuar que, ao menos, este novo exemplar da franquia consegue se sair bem no resultado visual de sua premissa, que envolve dinossauros oriundos de experiências que mesclam diferentes espécies. O resultado traz feras mutantes jamais vistas ou aprimorando capacidades de criaturas já conhecidas (o momento em que vemos um tiranossauro rex nadar compensa as duas horas de filme). Uma pena que a figura gigantesca do dinossauro modificado geneticamente apareça tão pouco.Caminhando para uma banalização de uma ideia narrativa que chegou ao nível do espetacular em filmes anteriores, Jurassic World: Recomeço, infelizmente, já se apresenta de forma enfraquecida em sua proposta de captar o olhar de novas gerações. Deve ser um sucesso entre um público mais jovem, mas, sem preciosismo barato aqui, diante de tanta banalidade que o mundo digital trouxe em termos de inteligência artificial, nem de longe conseguirá um resultado imagético e magnético semelhante àquela acachapante sessão há 32 anos.Jurassic World: Recomeço (Jurassic World: Rebirth) / Dir.: Gareth Edwards / Com Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Luna Blaise, Mahershala Ali, Ed Skrein, Rupert Friend, David Iacono, Philippine Velge, Audrina Miranda / Salas e horários: http://cineinsite.atarde.com.br/filme/onde-assistir/7581-jurassic-world-recomeco