Trinta anos se passaram desde a estreia de Menino Maluquinho – O Filme, baseado na obra de Ziraldo, que marcou gerações e se tornou um dos filmes infantis mais emblemáticos do cinema brasileiro. Lançado em 1995, a produção, gravada em Belo Horizonte e em outras cidades de Minas Gerais, ajudou a consolidar o personagem que já era um sucesso nos livros e quadrinhos.
Nesta segunda-feira (7), dia em que o filme completa três décadas, o BHAZ conversou com parte do elenco infantil para saber quais rumos tomou na carreira. A turma cresceu e seguiu caminhos diversos dentro e fora das telas. Alguns atores continuaram a carreira artística, enquanto outros trilharam rotas completamente diferentes. Abaixo, veja onde estão e o que fazem atualmente os principais nomes que deram vida ao universo do ‘Menino Maluquinho‘ no cinema.
O Filme
“Menino Maluquinho, O Filme” é inspirado na história em quadrinhos de mesmo nome do cartunista Ziraldo. Na trama, o menino travesso, que está sempre com uma panela na cabeça e pregando peças nos amigos, passa por momentos de reflexão com a separação de seus pais. Tudo muda quando o Vovô Passarinho convida Maluquinho para passar as férias na fazenda da família, em Tiradentes, onde ele vive grandes aventuras e descobre ensinamentos sobre a vida.
Na mistura entre realidade e ficção, pontos emblemáticos da capital mineira se tornaram o cenário ideal para o longa. A região Centro-Sul de BH aparece com frequência nas filmagens. A emblemática casa do Menino Maluquinho está localizada na rua Congonhas, no bairro Santo Antônio. Já o antigo Colégio Sagrado Coração de Maria, fundado em 1911, no bairro Serra, é usado como locação para a escola do jovem. Carlinhos, o pai do protagonista, trabalha próximo à Igreja São José, com vista para o Prédio Acaiaca.
Além disso, é possível ver a Praça da Liberdade e o Edifício Niemeyer logo no início do filme, quando o pai corre para socorrer o Menino Maluquinho. A Lagoa da Pampulha, cartão postal da capital mineira, também aparece em um momento importante da trama: quando o pai conta ao Menino Maluquinho sobre o divórcio.
Menino Maluquinho
Samuel Costa, o eterno Menino Maluquinho, estreou nas telonas em 1995, aos nove anos de idade, com o papel que o consagrou. Em 1998, ele protagonizou a continuação “Menino Maluquinho 2: A Aventura”. Embora tenha interpretado outros personagens durante a adolescência e juventude, Samuel Costa abandonou a atuação em 2005.
Longe dos holofotes, Samuel formou-se em Publicidade e trabalhou na produtora O2 Filmes. Ao longo de sua carreira, ele ocupou cargos de diretor de arte e produção. Atualmente, ele é um dos sócios da Blues Content, antiga Blues Filmes, voltada para a produção de conteúdo para a internet.


Julieta
Cristina Castro viveu Julieta, a ‘namoradinha’ do Menino Maluquinho. Hoje, formada em Jornalismo, Cristina atua na área e também é escritora. Depois do filme, ela chegou a fazer algumas peças de teatro no colégio em que estudava e participou de um comercial. Há 15 anos, ela tem um blog em que, inclusive, chegou a escrever textos sobre sua participação no filme.
“Acho que ter participado de um filme e visto como funcionam os bastidores do cinema (sob a batuta do excelente diretor Helvécio Ratton) foi importante para me despertar para o amor para essa arte, que até hoje me encanta e sobre a qual escrevo muito”, conta Cristina ao BHAZ.
A jornalista, que descreve a experiência como “única”, diz que ter gravado o filme a ajudou a criar memórias afetivas preciosas da infância. “Tudo foi gravado no mês das férias escolares de julho e foram férias especiais, cheias de brincadeiras. Eu não via a atuação como um trabalho, nem tinha qualquer pretensão de me tornar atriz, então, para mim, foi tudo uma grande diversão”, revela.


Quincas
Gustavo Toledo viveu o adolescente Quincas no filme, um personagem mais velho do que boa parte dos personagens infantis que, na história, pretendia namorar, enquanto os colegas da turma só tinham a preocupação em brincar. Hoje, Gustavo é médico e atua como neurologista. Embora não atue no teatro, conta que sente saudades do tempo em que filmou “Menino Maluquinho”.
“Lembro de muitas coisas, das interações com as crianças. Ter conhecido grandes atrizes e atores foi uma experiência surpreendente, além de poder viajar para Tiradentes para gravar. Todas essas lembranças foram muito ricas para mim”, conta.
Uma das curiosidades que cerca a participação do personagem de Gustavo no filme é de que, inicialmente, ele seria o juiz da partida no final da história, mas quem desempenhou o papel de árbitro naquelas cenas acabou sendo interpretado pela da avó do Maluquinho, interpretada pela atriz Hilda Rebello.
“O personagem marcou minha infância e, de certa forma, a minha vida. Até hoje as pessoas comentam que fiz o filme no meu meio de trabalho. É divertido. Na época, o filme foi um ‘estouro’. Lembro de ver crianças voltando a brincar nas ruas e andar de carrinho de rolimã. O filme ainda é muito atraente para as crianças. Minha filha, de 2 anos, adora”, conta ao BHAZ.


Carol
Na trama, Carolina Galvão interpreta Carol, a personagem mais sonhadora da turma do Menino Maluquinho. Depois do filme, ela fez alguns comerciais até encerrar a carreira de atriz, conforme contou ao BHAZ. Atualmente, ela trabalha como executiva de Recursos Humanos em uma grande empresa de telefonia.
Ela revelou que a personagem chamar “Carol”, o seu apelido na vida real, foi algo marcante em sua trajetória. “Foi um misto interessante entre interpretar e viver a vida real dentro da minha própria realidade”, explicou. Além disso, Carolina recordou que o período de gravação “foi bem especial”, principalmente as cenas na fazenda do Vovô Passarinho.
“Foram marcantes por retratar uma infância ‘raiz’, de muita simplicidade, mas muito alegre, saudável e marcada por muitas memórias”, relembrou.
Para ela, o longa impactou positivamente a infância das crianças brasileiras, sobretudo as belo-horizontinas, uma vez que o filme resgata a “infância na sua essência, dando valor ao simples, sem perder as oportunidades de descobrir coisas novas”, finalizou.


Toquinho
Bernardo Cunha interpretou o sapeca Toquinho, o mais novo da turma. Depois do filme, ele chegou a atuar no teatro, em uma peça ao lado do ator Samuel Costa, mas acabou se encantando pela música. “Eu toco hoje, mudei para outro tipo de arte, mas eu sempre gostei de cinema”, revela ao BHAZ.
Formado em Comunicação, com ênfase em Publicidade e Propaganda, Bernardo também é sócio de uma startup que trabalha com uso da inteligência artificial para editar vídeos. “Fui para a área de inovação, mas sou sempre muito conectado com arte na parte de hobbies”.
Uma curiosidade do filme, revelada por Bernardo, também diz respeito à cena final, do jogo de futebol.
“O Menino Maluquinho, que é goleiro do time, fica pulando para poder agarrar umas bolas. Então, ele tinha que fazer umas defesas muito espetaculares. O diretor Helvécio Ratton falou assim: ‘galera, faz aí, joguem aí”. Foi filmando a gente jogar, e, daí, pegaram cenas do pessoal do nosso time chutando contra o Maluquinho e depois fizeram uma montagem”, conta.
Quando as cenas da partida acabaram, ele revela que a produção do filme cavou um buraco na grama do campo, onde o goleiro fica, e colocaram uma cama elástica, uma espécie de colchonete para que o ator Samuel ficasse pulando, enquanto alguém da produção jogava a bola pra que ele agarasse. “Achei aquilo sensacional, a magia do cinema acontecendo, foi muito legal”, lembra.
Já na cena dos cachorros, onde o Menino Maluquinho e o amigo dele sobem em uma mangueira, para fugir dos cachorros do vizinho, Bernardo conta que os animais que participaram eram cães treinados da Polícia Militar. “Eram super bem cuidados, ficaram hospedados no hotel e eu lembro com muito carinho dos cachorros”, conta.
“Essa produção impactou o cinema nacional, porque ela foi a retomada do cinema. Acho que toda criança que morou em Belo Horizonte naquela época, conhece alguém que fez o filme, sabe onde foi gravado. Até hoje me chamam de Toquinho em algumas turmas. Foi meu apelido na escola. O filme marcou muito a minha vida, porque eu tive contato com arte muito cedo e foi um privilégio de ter tido contato com o cinema, uma produção tão grande que marcou na época e atemporal”, diz.


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