O VGHF11, fundo multiestratégia gerido pela Valora, tem sido um dos nomes mais comentados do mercado de FIIs — nem sempre pelos melhores motivos. Com histórico de forte desvalorização patrimonial, o fundo carrega o estigma de ter “derretido” nos últimos anos, mas começa a apresentar sinais de retomada.
Em abril, o fundo divulgou uma variação positiva no valor patrimonial e manteve a distribuição de R$ 0,09 por cota, o que levanta uma pergunta importante: estamos diante de um ponto de inflexão?
Uma carteira robusta, mas marcada por prejuízos
Composição atual
O fundo possui 148 ativos em carteira, com patrimônio líquido próximo de R$ 1,4 bilhão. Entre esses ativos, destaca-se uma parcela relevante de operações compromissadas com rendimento de CDI + 0,80%, demonstrando um perfil equilibrado entre risco e retorno.
O VGHF11 também carrega investimentos em CRIs, FIIs, FIDCs e até ações, configurando um verdadeiro fundo multiestratégia. A alocação atual é dividida em:
- 46% em CRIs
- 45% em FIIs
- 8% em outros instrumentos (FIDCs, ações, sociedades)
CRIs problemáticos: o caso Celina
Um dos grandes entraves na performance do fundo foi a exposição aos CRIs da Celina, que foram remarcados a zero após sucessivos atrasos e inadimplência. Isso afetou diretamente o valor patrimonial do fundo, já que esses ativos representavam uma parcela significativa da carteira.
Apesar da remarcação, caso ocorra algum pagamento ou recuperação futura, os valores podem ser reavaliados e contribuir para a valorização patrimonial.
Principais movimentações: aportes ousados e vendas estratégicas
Durante o último mês, o VGHF11 realizou vendas no valor de R$ 22,7 milhões e compras na casa dos R$ 31,7 milhões, sendo a principal aquisição um CRI da Helbor.
Além disso, chamou a atenção o aporte feito no fundo da própria gestora, o VEGRI11, o que gerou críticas entre os cotistas por possível conflito de interesses. Ainda assim, o VGHF11 aproveitou o momento de forte deságio de mercado para investir em ativos descontados.
Outro destaque foi a aquisição de cotas do fundo FI Aquisição Unidades, com aplicação de R$ 61 milhões, representando 4,5% do portfólio.
Dividendo mantido e expectativa para os próximos meses
Mesmo com as dificuldades enfrentadas, o fundo conseguiu manter sua distribuição em R$ 0,09 por cota, utilizando uma reserva de R$ 0,02 por cota para complementar o rendimento.
Expectativas:
- Inflação de fevereiro mais elevada pode impulsionar os rendimentos indexados ao IPCA no mês seguinte.
- A estimativa é de manutenção dos dividendos no patamar atual, com possibilidade de leve alta.
Alocação por indexador: equilíbrio e risco controlado
A carteira do VGHF11 está hoje praticamente dividida entre dois indexadores:
- 52% IPCA
- 48% CDI
Com uma taxa média de aquisição de IPCA + 9,1% e CDI + 3,9%, o fundo demonstra perfil middle risk, com bom potencial de retorno, apesar do histórico negativo recente.
Na marcação a mercado:
- A taxa efetiva está em IPCA + 12,05% e CDI + 3,58%, reflexo do deságio e das curvas futuras de juros.
Recuperação ou ilusão?
Apesar da recente valorização do valor patrimonial (de R$ 838 para R$ 844), o histórico de perdas ainda pesa. Desde 2022, o fundo perdeu grande parte do seu patrimônio — e os efeitos disso ainda estão presentes nas cotações de mercado.
Mas há sinais de melhora:
- A liquidez diária ultrapassa os R$ 3 milhões, demonstrando interesse renovado dos investidores.
- A carteira pulverizada reduz o risco concentrado.
- A estrutura multiestratégia permite flexibilidade em momentos de crise.
O VGHF11 mostra indícios de estabilização e uma gestão ativa que busca oportunidades em momentos de deságio. Ainda assim, os cotistas devem manter cautela: a recuperação patrimonial depende de múltiplos fatores — inclusive da retomada de CRIs problemáticos e valorização de ativos ainda descontados.
Para investidores dispostos a aceitar volatilidade e com foco no médio a longo prazo, o fundo pode oferecer oportunidades, principalmente se continuar a entregar dividendos estáveis.
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