Caravana dos Povos indígenas Rumo à COP 30 realiza encontro na aldeia Cumaru, em Oriximiná


Representantes de 16 povos participam das atividades na terra Kaxuyana-Tunayana, referência em proteção socioambiental na Amazônia brasileira. Caravana reúne de forma inédita representantes de 16 povos indígenas da etnorregião de Oriximiná
Jaelta Souza / Divulgação
Lideranças de cerca de 16 povos indígenas da etnorregião de Oriximiná, no oeste do Pará, estão participando da nova etapa da Caravana dos Povos Indígenas Rumo à COP 30. As atividades ocorrem na aldeia Cumaru, na Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, na Região de integração Baixo Amazonas. O território fica em uma área florestal, que atravessa os territórios de Roraima, Pará e Amapá.
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A abertura da Caravana marcou um encontro inédito entre as lideranças indígenas de Oriximiná, em um momento de fortalecimento da governança territorial, construção de conhecimento e articulação para a participação indígena na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, em novembro deste ano.
“O carbono está aqui, e a floresta em pé é a nossa vida. Estamos preservando milhares de hectares para o bem do mundo. Queremos cuidar da nossa natureza, porque sem ela não há vida”, afirmou, Nilson Wai Wai, vice-presidente da Associação dos Povos Indígenas do Rio Mapuera (Apin-Aldeia Mapuera).
A Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana é parte do Território Wayamú, uma área rica em sociobiodiversidade, com mais de uma dezena de registros de indígenas isolados, localizada entre os rios Cachorro, Trombetas e Mapuera, e seus afluentes. Neste Território vivem os Hexkaryana, Wai Wai, Kahyana, Katxuyana, Inkarïyana, Katwena, Tunayana, Xerew, Parukwoto, Mawayana, Txikyana, Xowyana, Mînpoyana, Caruma, Karapawyana, Yukwariyana, Okoymoyana e outros povos.
Lideranças de povos indígenas reunidas com Secretaria de Povos Indígenas na aldeia Cumaru, em Oriximiná
Jaelta Souza / Divulgação
Rodas de diálogo, oficinas formativas, debates intergeracionais e espaços de escuta ativa, com participação de jovens, mulheres e idosos, fazem parte da Caravana.
“Estou participando dessa Caravana, que é muito importante para nós. Estamos aprendendo o que é a COP 30, porque ainda não conhecíamos. Queremos participar, ouvir as pessoas que vieram nessa Caravana, trocar ideias e aprender mais. Eu estou aqui para aprender, e sei que tudo vai dar certo. É assim que a gente segue, juntos e fortalecidos”, disse Marluce Mura, liderança das mulheres indígenas do Povo Wai Wai – Aldeia Mapuera.
Metas e desafios
O primeiro dia de evento abordou o contexto e a importância da COP 30, organização da conferência, fluxo de credenciamento para participação indígena, objetivos e metas da conferência, propostas e reivindicações dos povos indígenas e os desafios enfrentados pelas lideranças nos territórios.
“A Caravana é construída a partir dos territórios. É um espaço para que os povos indígenas elaborem suas propostas a partir de suas realidades. É um movimento de fortalecimento, de afirmação cultural e de presença indígena nos espaços de decisão”, frisou a secretária de Estado dos Povos Indígenas, Puyr Tembé.
A realização da Caravana no Território Wayamu tem ainda forte teor simbólico. A região é uma das mais preservadas da Amazônia. A presença indígena e a organização comunitária são barreiras concretas à degradação ambiental e base para políticas de sociobioeconomia, soberania alimentar e governança climática.
“Viemos participar desse grande encontro, a Caravana dos Povos Indígenas para a COP 30, que é muito importante. Aqui, muitos de nós discutem, dialogam e trocam informações com a equipe da Sepi. Isso é fundamental. Estamos no coração da Amazônia, preservando milhares de hectares de floresta, o que é essencial para nós, para nossos filhos e para as futuras gerações. Nessa Caravana, várias lideranças e associações estão presentes. Trazemos nossas propostas, tiramos dúvidas e reafirmamos que nós, povos originários, somos os verdadeiros guardiões da floresta tropical“, ressaltou Nilson Wai Wai.
A Caravana dos Povos Indígenas Rumo à COP 30 percorre as oito etnorregiões do Estado, fazendo mobilização territorial e articulação indígena para a maior conferência climática do mundo.
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