Justiça condena militar da reserva que agrediu oficial com cabeçada; decisão cita ‘atitude misógina’


Policial fraturou o nariz da oficial de Justiça, que tentava entregar intimação judicial em pleno 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Defesa do réu afirmou no processo tratar-se de ato impulsivo e sem discriminação de gênero. A oficial de justiça Maria Sueli Sobrinho foi agredida com uma cabeçada no rosto durante o trabalho, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
TV Globo
O policial militar da reserva Daniel Wanderson do Nascimento, de 49 anos, foi condenado nesta terça-feira (8) a um ano e dois meses de prisão em regime aberto por agredir uma oficial de Justiça.
A decisão judicial entendeu que o militar agiu por motivação misógina, ou seja, por ódio às mulheres.
A vítima, Maria Sueli Sobrinho, de 48 anos, foi atacada com uma cabeçada no rosto, durante o trabalho. A agressão causou-lhe uma fratura no nariz. Na época, ela disse em entrevista à TV Globo, que “o dano psicológico é pior que o físico”.
O caso aconteceu em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e ganhou ainda mais repercussão por ter ocorrido em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, deste ano.
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Segundo a decisão da juíza Juliana de Almeida Teixeira Goulart, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Ibirité, o agressor foi condenado por lesão corporal qualificada por razões de gênero, falsa identidade, desacato e resistência.
A agressão foi considerada lesão corporal por motivo de gênero, e a sentença destacou a atitude aparentemente misógina do acusado.
Daniel Nascimento também terá que prestar serviços comunitários e pagar uma multa no valor de dois salários-mínimos (R$ 3.036) .
No processo, a defesa do réu havia dito tratar-se de um ato impulsivo, sem discriminação de gênero.
O que aconteceu
A oficial foi ao Bairro Novo Horizonte para entregar uma intimação, sendo recebida por Daniel, que tentou se passar pela pessoa citada no documento. Maria Sueli percebeu a mentira e o avisou sobre as consequências legais de assumir a identidade de outra pessoa.
Segundo o depoimento dela à Justiça, ao ser repreendido, o homem tornou-se agressivo. Ele questionou a identidade da oficial e em seguida a agrediu com uma cabeçada.
O que dizem as partes
Durante o processo, a defesa de Daniel Nascimento tentou que o caso fosse julgado pela Justiça Militar, mas o pedido foi negado pela juíza Juliana Goulart. Também apresentaram o argumento de que a lesão foi um ato impulsivo, sem discriminação de gênero, mas foi refutado pela decisão.
Já Maria Sueli Sobrinho disse em depoimento à Justiça que a agressão rendeu abalo físico e psicológico. Ela ficou afastada do trabalho por 40 dias. Para ela, o agressor teria reagido de forma diferente se ela fosse homem.
O g1 entrou em contato com a defesa de Daniel Nascimento, que não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

Veja abaixo a reportagem do Bom Dia Minas sobre o caso, em março deste ano:
Oficial de Justiça é agredida por PM
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