Mesmo com um cenário considerado “parado” por investidores, o mês foi estratégico para o fundo imobiliário AFHI11, que demonstrou disciplina na gestão e um movimento certeiro na composição de sua carteira: a compra de um CRI da Bem Brasil com taxa IPCA + 9%. Além disso, a gestão optou por fortalecer as reservas do fundo, o que pode abrir espaço para uma distribuição mais robusta nos próximos meses.
Patrimônio pressionado, mas dentro do esperado
A cota patrimonial do AFHI11 sofreu leve desvalorização, reflexo do cenário de juros altos no Brasil. Enquanto nos tempos de Selic abaixo de 7% o valor patrimonial do fundo girava em torno de 95% a 96%, o novo patamar da taxa básica de juros comprime o valor dos ativos de renda fixa marcados a mercado — uma realidade que atinge a maioria dos fundos de CRI.
Distribuição de rendimentos: estabilidade com reforço de reservas
Em março, o AFHI11 distribuiu R$ 0,98 por cota, mantendo um nível próximo ao patamar histórico. O fundo poderia ter distribuído mais, já que gerou R$ 1,09 por cota no mês, mas a gestão optou por reforçar a reserva, que agora acumula R$ 0,25 por cota, após um acréscimo de R$ 0,14 em um único mês.
Esse movimento indica uma estratégia prudente, buscando manter a estabilidade nos rendimentos mensais mesmo diante das oscilações de mercado — uma postura valorizada por cotistas que buscam previsibilidade de renda.
Compra relevante: CRI da Bem Brasil a IPCA+9
A única movimentação significativa na carteira do mês foi a aquisição de um CRI da Bem Brasil, empresa do setor alimentício especializada em batatas fritas congeladas. O ativo foi adquirido com uma taxa muito atrativa: IPCA + 9%, bem acima do padrão atual do mercado, sendo originalmente emitido em IPCA + 5,4%.
Essa compra se deu no mercado secundário, com deságio relevante. Trata-se de uma oportunidade que reforça a capacidade da gestão em identificar bons ativos em momentos oportunos. Esse tipo de aquisição contribui para o chamado “carrego” do portfólio, ou seja, o potencial de geração de renda futura do fundo.
Liquidez e patrimônio: estabilidade com leve queda no número de cotistas
O fundo conta com cerca de 42 mil cotistas e um patrimônio de R$ 424 milhões. Houve uma pequena diminuição no número de investidores no último mês, comportamento esperado em momentos de menor euforia no mercado.
A liquidez caiu levemente no período, mas o AFHI11 mantém bom volume de negociações e se destaca entre os FIIs de crédito estruturado mais acessíveis ao investidor pessoa física.
Composição da carteira: diversificação e controle de risco
A carteira do AFHI11 apresenta equilíbrio entre diferentes indexadores:
- 57% dos ativos indexados ao IPCA
- 21% em CDI
- Pequena parcela em prefixado
Além disso, o fundo segue com baixo nível de caixa e forte presença em ativos high grade e high yield, garantindo diversificação e boa relação risco-retorno.
Renda pode subir? O que esperar daqui pra frente
A grande questão para os investidores é: a renda do AFHI11 vai subir nos próximos meses?
Com o reforço nas reservas e aquisições em taxas elevadas, o cenário é positivo para uma possível elevação na distribuição, especialmente se os ativos adquiridos começarem a performar e os spreads de crédito permanecerem atrativos.
Entretanto, a gestão adota uma política conservadora, priorizando a manutenção de patamares estáveis antes de aumentar repentinamente a distribuição. Ainda assim, o crescimento das reservas pode permitir que o fundo alcance, em breve, o patamar de R$ 1,00 por cota de forma sustentável.
Apesar de um mês sem grandes movimentações, o AFHI11 demonstra que está atento ao mercado e comprometido com uma gestão sólida. A aquisição pontual a IPCA+9 e o fortalecimento das reservas são sinais claros de que o fundo prepara terreno para reforçar sua atratividade no médio prazo.
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