Tarifas anunciadas por Donald Trump causaram primeiros reflexos no mercado financeiro: “Aumenta muito o nível de incerteza na economia.” A motivação política de Trump para taxar o Brasil
A decisão de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto gerou reações imediatas no Brasil.
Ainda na quarta-feira (9), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos.
A medida foi anunciada por Trump horas depois de a embaixada dos EUA em Brasília publicar uma nota alinhada ao discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado e réu no Supremo Tribunal Federal.
No mercado financeiro, os primeiros reflexos foram visíveis. “No curtíssimo prazo, a gente tem uma oscilação do câmbio”, explicou o economista Daniel Sousa em entrevista a Julia Duailibi.
“Aumenta muito o nível de incerteza da economia brasileira. Existe uma tendência à escalada da moeda americana por aqui, o que traz desdobramentos sobre inflação e outros indicadores macroeconômicos.”
Após os anúncios, o dólar fechou em R$ 5,50 e a bolsa caiu 1,31%. Na manhã desta quinta (10), a moeda foi para R$ 5,60.
Trump justificou a tarifa alegando prejuízos comerciais com o Brasil, mas os dados mostram o contrário.
Análise: Trump usa diplomacia da chantagem para interferir na política do Brasil
“O Brasil está entre os dez países com os quais os Estados Unidos possuem o maior superavit comercial. Isso já é algo histórico”, afirmou o cientista político Carlos Gustavo Poggio. Ele destaca que a balança comercial favorece os EUA e que o gesto do presidente americano tem clara motivação política, especialmente após a reunião dos BRICS, no Rio, que defendeu o uso de moedas locais em vez do dólar.
A reação do setor produtivo também foi imediata. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que não há qualquer fato econômico que justifique uma medida dessa magnitude. Já a Frente Parlamentar da Agropecuária alertou para o impacto sobre os custos de insumos importados e a competitividade das exportações.
“Se as tarifas forem efetivamente aumentadas, o Brasil perde muito espaço dentro de um parceiro comercial super importante”, destacou Daniel Souza.
Para além do impacto econômico, o gesto de Trump também é visto como um episódio grave na relação diplomática entre os dois países. “É um ataque ao Estado brasileiro, à soberania brasileira, e isso não é admissível”, disse Hussein Kalouti, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência. Segundo Poggio, a carta enviada ao presidente Lula, com ataques ao STF e apoio explícito a Bolsonaro, representa um momento “baixo” nas relações bilaterais.
“Certamente vai entrar para a história como um desses momentos de tensão entre Brasil e Estados Unidos.”
Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto.
A decisão de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto gerou reações imediatas no Brasil.
Ainda na quarta-feira (9), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos.
A medida foi anunciada por Trump horas depois de a embaixada dos EUA em Brasília publicar uma nota alinhada ao discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado e réu no Supremo Tribunal Federal.
No mercado financeiro, os primeiros reflexos foram visíveis. “No curtíssimo prazo, a gente tem uma oscilação do câmbio”, explicou o economista Daniel Sousa em entrevista a Julia Duailibi.
“Aumenta muito o nível de incerteza da economia brasileira. Existe uma tendência à escalada da moeda americana por aqui, o que traz desdobramentos sobre inflação e outros indicadores macroeconômicos.”
Após os anúncios, o dólar fechou em R$ 5,50 e a bolsa caiu 1,31%. Na manhã desta quinta (10), a moeda foi para R$ 5,60.
Trump justificou a tarifa alegando prejuízos comerciais com o Brasil, mas os dados mostram o contrário.
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“O Brasil está entre os dez países com os quais os Estados Unidos possuem o maior superavit comercial. Isso já é algo histórico”, afirmou o cientista político Carlos Gustavo Poggio. Ele destaca que a balança comercial favorece os EUA e que o gesto do presidente americano tem clara motivação política, especialmente após a reunião dos BRICS, no Rio, que defendeu o uso de moedas locais em vez do dólar.
A reação do setor produtivo também foi imediata. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que não há qualquer fato econômico que justifique uma medida dessa magnitude. Já a Frente Parlamentar da Agropecuária alertou para o impacto sobre os custos de insumos importados e a competitividade das exportações.
“Se as tarifas forem efetivamente aumentadas, o Brasil perde muito espaço dentro de um parceiro comercial super importante”, destacou Daniel Souza.
Para além do impacto econômico, o gesto de Trump também é visto como um episódio grave na relação diplomática entre os dois países. “É um ataque ao Estado brasileiro, à soberania brasileira, e isso não é admissível”, disse Hussein Kalouti, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência. Segundo Poggio, a carta enviada ao presidente Lula, com ataques ao STF e apoio explícito a Bolsonaro, representa um momento “baixo” nas relações bilaterais.
“Certamente vai entrar para a história como um desses momentos de tensão entre Brasil e Estados Unidos.”
Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto.