A comunidade escolar da Escola Estadual Governador Milton Campos, mais conhecida como Colégio Estadual Central, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, rejeitou a proposta de adesão ao modelo de educação cívico-militar. Em votação realizada nesta quinta-feira (10), 85% dos participantes, entre funcionários e estudantes, votaram contra a mudança.
A informação é do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).
Segundo os dados do sindicato, a votação teve o seguinte resultado:
- Contra: 369 votos
- A favor: 58 votos
- Nulos: 3 votos
- Total: 430 votos
Procurado pelo BHAZ, o Governo de Minas ainda não se manifestou sobre o resultado.
Debate
A votação no Estadual Central ocorre em meio a um amplo debate em Minas Gerais. O governo estadual convidou cerca de 700 escolas da rede a decidirem, até o dia 18 de julho, se têm interesse em adotar o modelo. A medida, no entanto, dividiu opiniões e motivou protestos de educadores.
Nesta mesma quinta-feira, o tema foi discutido em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A deputada Beatriz Cerqueira (PT) criticou a legalidade do programa, argumentando que ele foi revogado ao nível federal pelo governo Lula em 2023 e que o estado não teria competência para criar um modelo de ensino não previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Presente na audiência, o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, defendeu a consulta. Ele criticou uma ação do Sind-UTE na Justiça para suspender o processo, classificando-a como “antidemocrática”. Segundo Alvarenga, o objetivo do programa é dar mais segurança aos professores em sala de aula.
A subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Kellen Senra, esclareceu que o modelo proposto é diferente dos colégios militares. “Os militares não assumirão atividades de ensino ou administrativas, mas atuarão como ‘oficiais supervisores e monitores em cooperação e apoio à gestão escolar’”, explicou.
Atualmente, nove escolas da rede estadual mineira adotam o modelo. Segundo o Governo de Minas, a manifestação de interesse não garante a adoção do modelo. Após a consulta, a Secretaria de Educação vai avaliar a viabilidade em cada unidade inscrita. Um dos critérios será a disponibilidade de membros da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros na região.
Colégio histórico
A decisão do Colégio Estadual Central tem forte simbólico. Fundada em 1854 em Ouro Preto, a unidade foi a primeira escola pública do estado. Em 1956, foi transferida para sua icônica sede atual em Belo Horizonte, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Considerado um colégio de primeira linha, o Estadual Central sempre foi um espaço de efervescência política e cultural. Por suas salas de aula passaram personalidades como o escritor Fernando Sabino, o cartunista Henfil, o futebolista campeão do mundo Tostão, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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