Rio Negro baixa seis centímetros em uma semana e inicia processo de vazante em Manaus, diz SGB


O nível do rio atingiu a marca de 28,99 metros nesta sexta-feira (11) e está abaixo da cota de inundação severa na capital amazonense. Rio Negro está próximo de alcançar cota de inundação severa em Manaus
O Rio Negro atingiu 28,99 metros, nesta sexta-feira (11), segundo a medição realizada pelo Porto de Manaus. A marca mostra que o nível do rio baixou seis centímetros em uma semana – na última sexta-feira (4) o rio estava com 29,04 metros. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o comportamento aponta para o início da vazante na capital amazonense.
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➡️ CONTEXTO: A vazante dos rios do Amazonas é o fenômeno natural que marca a redução dos níveis das águas após o período de cheia. Esse processo ocorre entre os meses de julho e novembro, revelando novamente áreas antes submersas.
Nos últimos dias, o Rio Negro deu indícios de estar iniciando o processo de vazante. O nível do rio alcançou o ápice no sábado (5), ao atingir 29,05 metros. Desde então, o nível apresentou estabilidade até terça-feira (8). Na quarta (9), começou a descer.
Com o nível registrado nesta sexta-feira, o Rio Negro encontra-se abaixo da cota de inundação severa.
O pesquisador e gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do SGB, André Martinelli, destacou que o fenômeno de vazante já iniciou há algumas semanas, mesmo que ainda não tivesse refletido exatamente no nível do rio que era indicado na medição feito pela empresa pública.
“Foi uma grande cheia, com cotas que superaram em boas partes monitoradas a cota de inundação severa, e o que a gente tem hoje em Manaus é realmente o indício de que foi iniciado o processo de vazante” , completou Martinelli.
O monitoramento do Rio Negro é feito com base nas cotas de medição, tendo como referência a cheia recorde de 2021. Veja classificação abaixo.
🔴 Cota máxima registrada (2021): 30,02m
🟠 Inundação severa: 29,00m
🟡 Inundação: 27,50m
⚪ Alerta: 27,00m
Cheia causa transtornos na capital
Centro de Manaus tem ruas alagadas após Rio Negro atingir cota de inundação severa
No início do mês, quando o rio estava acima da cota de inundação severa, trabalhadores e frequentadores do Centro de Manaus estavam sentindo os impactos da cheia. A água já encobre ao menos duas ruas que dão acesso ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa, cartão-postal da cidade. Veja o vídeo acima.
Foi o que aconteceu na rua dos Barés, que dá acesso a parte de trás do ponto turístico. Por lá, a água encobre o asfalto, preocupando motoristas e feirantes. Elielson Silva trabalha com o transporte de produtos e passageiros no Centro e disse que a situação o prejudica.
“Está atrapalhando a locomoção. Para a gente atravessar aqui só se for de canoa”, ironizou. “Atrapalha tudo, a gente precisa transportar e daqui alguns dias ninguém passa mais”, completou o motorista.
O bairro Educandos, Zona Sul de Manaus, é um dos mais afetados. A cheia inundou ruas e até um campo de futebol foi tomado pela água. Por isso, os moradores só conseguem sair das casas usando canoas.
A dona de casa Nizomar Gomes conseguiu salvar os colchões. Ela, os filhos e os netos estão morando no andar de cima da casa.
“Aqui, quando alaga, fica assim. A gente perde tudo porque não tem para onde botar. O que der pra conseguir escapar, a gente escapa. O que não der, fica por aí mesmo”, diz.
Famílias cercadas por lixo enfrentam cheia do Rio Negro em Manaus
Alexandro Pereira, da Rede Amazônica
🐟 Pescadores relatam escassez de peixes mesmo com cheia do Rio Negro, em Manaus
Cenário no Amazonas
De acordo com a Defesa Civil, 42 municípios do estado em situação de emergência devido a cheia que atinge o Amazonas, segundo o boletim de monitoramento da cheia mais recente, divulgado na quinta-feira (10). Confira abaixo
Guajará – Rio Juruá;
Ipixuna – Rio Juruá;
Itamarati – Rio Juruá;
Eirunepé – Rio Juruá;
Juruá – Rio Juruá;
Carauari – Rio Juruá;
Boca do Acre – Rio Purus;
Borba – Rio Madeira;
Nova Olinda do Norte – Rio Madeira;
Apuí – Rio Madeira;
Humaitá – Rio Madeira;
Manicoré – Rio Madeira;
Novo Aripuanã – Rio Madeira;
Atalaia do Norte – Rio Solimões;
Benjamin Constant – Rio Solimões;
Santo Antônio do Içá – Rio Solimões;
Tonantins – Rio Solimões;
Amaturá – Rio Solimões;
Fonte Boa – Rio Solimões;
Maraã – Rio Solimões;
São Paulo de Olivença – Rio Solimões;
Japurá – Rio Solimões;
Tefé – Rio Solimões;
Coari – Rio Solimões;
Jutaí – Rio Solimões;
Careiro da Várzea – Rio Solimões;
Careiro – Rio Solimões;
Manaquiri – Rio Solimões;
Anamã – Rio Solimões;
Careiro – Rio Solimões;
Anori – Rio Solimões;
Caapiranga – Rio Solimões;
Itacoatiara – Rio Negro;
Itapiranga – Rio Negro;
Boa Vista dos Ramos – Rio Negro;
Santa Isabel do Rio Negro – Rio Negro;
Manacapuru – Rio Solimões
Uarini – Rio Solimões
Urucurituba – Rio Amazonas
Alvarães – Rio Solimões
Iranduba – Rio Solimões
Barcelos – Rio Negro
Além dos municípios em emergência:
13 estão em estado de alerta;
1 em estado de atenção;
e seis em normalidade.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc), 444 alunos foram impactados pela cheia dos rios em quatro municípios: Anamã, Itacoatiara, Novo Aripuanã e Uarini. Os alunos seguem com o calendário do “Aula em Casa”, programa de ensino remoto.
Segundo o Governo do Amazonas, para auxiliar os afetados pela cheia já foram enviados 580 toneladas em cestas básicas, 2.450 caixas d’água de 500 litros, 57 mil copos de água potável da Cosama, além de 10 kits purificadores do programa Água Boa e uma Estação de Tratamento Móvel (Etam) para dezoito municípios.
Também foram destinados 72 kits de medicamentos para os municípios de Apuí, Boca do Acre, Manicoré, Humaitá, Ipixuna, Guajará e Novo Aripuanã, beneficiando mais de 35 mil pessoas.
Manicoré recebeu uma nova usina de oxigênio, com capacidade para produzir 30 metros cúbicos por hora, destinada ao hospital municipal. Já Apuí, foi contemplado com seis cilindros de oxigênio para servir como reserva de segurança.
Rio Negro no Porto de Manaus.
William Duarte/Rede Amazônica
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