O BTG Pactual soltou uma recomendação de compra para as ações preferenciais da Copel (CPLE6), com projeção de valorização de até 41%. A principal aposta do banco está na provável mudança na política de dividendos da empresa, que pode transformar o papel em um dos mais atrativos da bolsa para quem busca renda passiva.
O que está por trás da recomendação do BTG?
Segundo o relatório do BTG, a Copel está negociando a uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 11% — ou seja, bem acima da média do setor elétrico, que gira entre 6% e 8%. Isso significa que, mesmo com múltiplos mais elevados, a ação oferece um prêmio de risco atrativo frente à renda fixa, especialmente em um cenário de inflação controlada.
Outro ponto destacado é a possibilidade de revisão da atual política de dividendos. O banco espera que, ainda em maio, a companhia anuncie uma nova diretriz mais agressiva, elevando o payout para até 100% do lucro líquido — limitado ao fluxo de caixa livre.
Análise dos múltiplos e fundamentos da Copel
Mesmo com o otimismo do BTG, os indicadores fundamentalistas apontam uma ação que já não está barata. A Copel está negociando a um P/L de cerca de 10x, P/VP acima de 1,2 e um EV/EBITDA próximo de 7,7 — alinhado com a média histórica. O dividend yield atual gira em torno de 4%, considerado baixo para o setor.
Apesar disso, a empresa tem histórico de geração de valor ao acionista. Desde sua reestruturação, que incluiu corte de custos, PDV, alienação de ativos não estratégicos e renovação de concessões, a Copel saltou de R$ 1,16 em 2018 para cerca de R$ 10 atualmente, acumulando valorização de quase 800% nos últimos anos.
Privatização e novo modelo de governança
Um fator relevante é que a Copel se tornou uma corporation, ou seja, uma empresa sem controlador definido. O Estado do Paraná, antigo acionista majoritário, agora detém apenas 16% do capital, enquanto o BNDES tem cerca de 22% e os demais 62% estão pulverizados no mercado.
Embora esse modelo de governança traga preocupações quanto ao alinhamento de interesses, no caso da Copel, o desempenho recente da gestão indica que a profissionalização da companhia tem surtido efeito.
Entenda como funciona a atual política de dividendos
Atualmente, a política de dividendos da Copel é baseada no lucro líquido e condicionada ao nível de alavancagem da empresa:
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Alavancagem < 1,5x EBITDA: payout de 65%
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Entre 1,5x e 2,7x: payout de 50%
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Acima de 2,7x: payout de 25%
O valor distribuído também não pode exceder o fluxo de caixa livre, garantindo sustentabilidade. Contudo, essa metodologia pode limitar a atratividade dos dividendos mesmo em períodos de forte geração de caixa.
O que o BTG projeta para os próximos anos
Caso a nova política seja aprovada com payout de 100% do lucro líquido (respeitando o limite do FCD), o BTG estima dividend yields crescentes:
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2025: 7%
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2026: 8,9%
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2027: 10,8%
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2028: 12,7%
Essas projeções, embora atraentes, são baseadas em estimativas futuras e dependem de diversos fatores, como alavancagem, manutenção do fluxo de caixa e execução da nova política.
Vale a pena comprar Copel agora?
Nem todos os analistas compartilham da mesma empolgação. Embora a recomendação do BTG tenha impulsionado o papel, alguns especialistas argumentam que a valorização recente já precificou boa parte das expectativas. A ação sobe mais de 16% em 2025, acompanhando o movimento de outras elétricas como Cemig e Eletrobras.
Além disso, há dúvidas se a eventual euforia causada por uma política de dividendos mais generosa não acabará inflando demais o preço da ação, comprometendo o retorno futuro.
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