A Vale (VALE3) divulgou seu relatório de produção do primeiro trimestre de 2025 com resultados abaixo das expectativas em diversas frentes. Apesar da queda generalizada na produção de minério de ferro, níquel, pelotas e cobre, a companhia manteve o guidance anual, projetando uma recuperação nos próximos trimestres.
Impacto da produção no desempenho da ação
Com 67 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas no 1T25, a Vale ficou aquém do necessário para atingir a meta anual de 325 a 335 milhões de toneladas. Se mantido esse ritmo, a mineradora encerraria o ano com aproximadamente 280 milhões de toneladas — abaixo do previsto.
As pelotas, produto com maior valor agregado, também apresentaram recuo: queda de 15% em relação ao mesmo período de 2024 e 21% frente ao último trimestre. Segundo a empresa, as chuvas intensas foram um dos principais fatores para essa baixa performance, afetando diretamente o volume de pelot feed disponível.
Vendas em leve alta e preços em queda
Apesar da menor produção, as vendas apresentaram leve crescimento em relação ao ano anterior: alta de 3% para minério de ferro, 6% no cobre e 17,5% no níquel. No entanto, os preços praticados caíram significativamente: o minério de ferro recuou cerca de 10% e as pelotas quase 20% frente ao 1T24, o que deve pesar nos lucros da mineradora.
Ações seguem voláteis, mas fundamentos se mantêm fortes
A cotação das ações da Vale (VALE3) segue pressionada, acumulando queda de 13,82% nos últimos 12 meses. Hoje, os papéis estão longe da máxima histórica de R$ 80, sendo negociados na faixa de R$ 65. Especialistas ainda veem potencial de valorização, mas destacam que isso depende da recuperação do preço do minério de ferro, que atualmente gira em torno de US$ 99,50 por tonelada.
Além da dependência das cotações internacionais, a Vale é influenciada pela demanda chinesa, que vem se enfraquecendo nos últimos anos com a desaceleração do setor imobiliário e industrial do país asiático.
Fundamentos e dividendos: Vale ainda compensa na carteira?
Mesmo com um trimestre fraco, os fundamentos da Vale continuam sólidos. O indicador EV/EBITDA está em 3,4x, refletindo uma empresa que gera caixa suficiente para “se comprar” em menos de quatro anos. A companhia opera com margem elevada, retorno sobre o patrimônio (ROE) de quase 15% e baixo endividamento.
Em termos de proventos, a mineradora entregou um dividend yield de cerca de 8,8% nos últimos 12 meses, valor considerado atrativo, especialmente para investidores de perfil previdenciário. Para 2025, analistas projetam uma distribuição semelhante à de 2024, mantendo o patamar entre 8% e 10% — dependendo da cotação da ação.
Produção deve acelerar até o fim de 2025
A Vale reafirmou seu compromisso com o guidance para o ano, mantendo a projeção de produção total entre 325 e 335 milhões de toneladas de minério de ferro. Para alcançar esse objetivo, a mineradora precisará intensificar sua operação nos próximos trimestres, especialmente após o impacto das chuvas no início do ano.
Outro ponto de atenção é a transição energética, que vem elevando a demanda por metais como níquel e cobre — setores em que a Vale busca maior presença estratégica. Se conseguir elevar a produção desses metais e ampliar a margem com produtos de maior valor agregado, a companhia pode reforçar sua lucratividade e, por consequência, seus dividendos.
Vale (VALE3): Ainda é uma boa para o longo prazo?
Investir na Vale exige paciência. Por ser uma empresa cíclica e altamente dependente das commodities, seus resultados tendem a oscilar com o humor do mercado internacional. No entanto, quem segurou as ações por 10 anos viu uma valorização de 465%, superando índices como o CDI (67%), o Ibovespa (147%) e até mesmo o IMAB (121%).
Se a cotação do minério de ferro se mantiver estável nos próximos trimestres e a produção retomar o fôlego, a Vale pode voltar a surpreender positivamente. Mas o investidor precisa estar ciente dos riscos e da volatilidade inerente ao setor.
Momento de cautela, mas com espaço para oportunidades
O 1T25 foi desafiador para a Vale, com recuo na produção e nos preços de suas principais commodities. Apesar disso, o guidance elevado, os fundamentos sólidos e o histórico de retorno no longo prazo ainda sustentam o otimismo em torno da companhia. Para quem pensa em aposentadoria com dividendos, ou deseja aproveitar o momento de baixa para comprar ações com desconto, a Vale pode ser uma peça estratégica — desde que o investidor esteja preparado para o sobe e desce do setor.
O post Vale (VALE3) decepciona no 1T25, mas ainda pode surpreender com dividendos e produção apareceu primeiro em O Petróleo.