EUA impõem tarifa de 93,5% sobre grafite chinês e encarecem carros elétricos

O governo Trump anunciou nesta sexta-feira (18) uma tarifa de 93,5% sobre o grafite importado da China, intensificando as tensões comerciais e afetando diretamente os custos de produção de veículos elétricos nos Estados Unidos. O grafite é essencial para a fabricação de baterias de íons de lítio e, segundo especialistas, a medida poderá encarecer significativamente os veículos elétricos para os consumidores.

O Departamento de Comércio justificou a decisão acusando a China de praticar dumping — vender grafite nos EUA abaixo do preço de mercado para sufocar a indústria americana. A tarifa foi bem recebida por produtores nacionais, mas preocupa fabricantes de baterias e montadoras, que dependem do grafite chinês para atender às especificações de pureza necessárias.

Dependência do grafite puro chinês

Apesar de relativamente barato — menos de US$ 2 por libra —, as importações de grafite da China mais que dobraram entre 2021 e 2023, alcançando US$ 347 milhões, de acordo com dados do Departamento de Comércio. Esse aumento revela a dependência dos EUA do grafite chinês, já que a indústria doméstica não produz grafite com 99,9% de pureza exigida para as baterias, conforme depoimentos apresentados pela Tesla durante a investigação.

O CEO da americana Novonix, Mike O’Kronley, elogiou a medida como um incentivo à produção local: “Isso será muito transformador para a indústria de grafite nos Estados Unidos”, afirmou à CNN. No entanto, ele próprio reconhece que a adaptação será lenta: “Este material leva tempo para ser desenvolvido e qualificado para uso em baterias”.

Impacto imediato e longo prazo

Com a nova tarifa, o grafite chinês poderá acumular encargos superiores a 160%, somando-se a tarifas já impostas anteriormente. Além disso, o governo Trump sinalizou o fim de incentivos fiscais para veículos elétricos e revogou empréstimos federais para fábricas do setor, reforçando uma política contrária à eletromobilidade.

Advogados da Tesla e de outras montadoras argumentaram que, até que os EUA desenvolvam a capacidade de produzir grafite com a pureza necessária, os fabricantes não têm alternativa viável além das importações chinesas, mesmo com preços mais altos. “As tarifas não terão um efeito imediato no fornecimento”, disse O’Kronley. “Mas veremos mudanças ao longo do tempo.”

A decisão marca mais um capítulo na guerra comercial entre EUA e China e coloca pressão sobre a indústria de veículos elétricos americana, em um momento em que o setor ainda busca se consolidar.

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