O Estado de São Paulo será palco de uma das obras mais audaciosas da engenharia nacional. Previsto para iniciar em 2026, o túnel imerso Santos-Guarujá será o primeiro do tipo no Brasil e em toda a América Latina, marcando um novo capítulo na infraestrutura do país. O projeto conta com um investimento bilionário de R$ 5,96 bilhões, divididos entre o Governo Federal e o Governo Estadual, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da iniciativa privada.
A obra, aguardada há quase um século, será essencial para melhorar a mobilidade urbana, aliviar gargalos logísticos, modernizar o acesso ao Porto de Santos e transformar radicalmente a vida de mais de 5 milhões de pessoas que vivem ou circulam na região da Baixada Santista.
Um túnel histórico e necessário
A ligação entre Santos e Guarujá é um desafio logístico antigo. Atualmente, a travessia depende da rodovia Cônego Domênico Rangoni, com trajeto de 43 km e média de 50 minutos, ou das balsas da Ponta da Praia, que enfrentam longas filas, atrasos e paradas para permitir a passagem de navios. Cerca de 80 mil pessoas cruzam diariamente esse trecho.
Com o novo túnel, esse tempo cairá para 1 minuto e 45 segundos, revolucionando a dinâmica urbana e portuária da região.
Como será o túnel Santos-Guarujá?
O projeto prevê uma estrutura de 1,5 km de extensão total, com 870 metros submersos no canal do porto, ligando o bairro do Macuco, em Santos, ao Vicente de Carvalho, em Guarujá. A travessia terá:
- Três faixas de rolamento por sentido, para carros, caminhões e ônibus;
- Pista exclusiva para ciclistas;
- Passagem para pedestres com segurança;
- Faixa técnica adaptável para possível implantação de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
A construção será feita com módulos pré-fabricados de concreto, que serão cuidadosamente submersos e selados com tecnologia de ponta. O túnel contará ainda com camadas de proteção de pedras e areia contra impactos marítimos, garantindo a durabilidade da estrutura.
Impacto econômico e ambiental
A conexão direta com o Porto de Santos, responsável por movimentar 180 milhões de toneladas de carga por ano, trará ganhos expressivos à economia. A expectativa é de:
- Redução de 70% na demanda por balsas;
- Diminuição de 53% nas emissões de CO₂;
- Aumento de 3.220% na eficiência logística da região portuária;
- Apoio à implantação do aeroporto regional do Guarujá.
O túnel também se tornará um símbolo de inovação no cenário internacional, seguindo modelos de sucesso como o Túnel da Baía de Gojou, na China.
Controvérsia: o pedágio
Apesar da euforia em torno do projeto, a proposta de pedágio obrigatório de cerca de R$ 12 por trecho (exceto para pedestres) tem gerado polêmica. Críticos afirmam que a tarifa pode inviabilizar o uso cotidiano, especialmente para transportadoras e trabalhadores que fazem a travessia diariamente, onerando em até R$ 24 por dia.
Esse ponto levanta debates sobre justiça social e a necessidade de subsídios ou isenções, já que a população já arca com altos tributos.
A previsão é de que a obra fique pronta até o fim de 2031, consolidando o Brasil como referência em engenharia de transporte na América Latina. A grandiosidade da obra, a modernidade da técnica e o impacto social e econômico prometem transformar a Baixada Santista, criando uma infraestrutura à altura do maior porto da América Latina.
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