Wagner Ferreira: ‘Porque defender nossos parques é urgente’

Quantos parques em Belo Horizonte você e sua família já visitaram este ano? Se a resposta se resume ao Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no coração da Afonso Pena, ou ao Parque Ecológico Francisco Lins Rêgo, na Pampulha, você faz parte da maioria, e a culpa não é sua. A verdade é que, para além desses dois gigantes, muitos espaços verdes da cidade parecem esquecidos. Sem segurança para caminhar ou infraestrutura para levar as crianças, a população deixa de frequentá-los. E esse afastamento alimenta um ciclo de abandono, que fortalece o isolamento da comunidade e a sensação de que aquele espaço não nos pertence mais. Eu decidi fiscalizar todos os 81 parques da nossa cidade e, até o momento, já conheci 30.

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Muitos estão sem banheiros, guaritas e porteiros, sem bebedouros, ou, quando tem, estão danificados. Encontramos cercas de proteção quebradas, e até mesmo “lixões” nesses locais. Alguns desses espaços também foram tomados pela criminalidade, justamente pela falta de profissionais de segurança no local e pelo abandono. Tem parques que não abrem aos fins de semana, logo nos dias que a população está disponível para ocupar esse espaço.

Visita técnica no Parque Lagoa do Nado. Foto: Wagner Ferreira/Divulgação

O convívio com áreas verdes em parques é fundamental para reduzir ansiedade e tratar diversos problemas de saúde mental, além da promoção do esporte, convívio social e lazer. Uma simples caminhada de 15 minutos em um parque pode reduzir os sintomas de ansiedade entre 23% e 31%, é o que aponta uma pesquisa da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Já Universidade Federal do Paraná (UFPA) afirmou que a infraestrutura adequada e a beleza cênica dos parques são fatores determinantes para a prática de exercícios, como caminhadas, corridas e esportes coletivos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Belo Horizonte como a segunda capital mais depressiva do país, perdendo somente para Porto Alegre. De acordo com a última pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde, aproximadamente 17,4% da população da capital mineira (cerca de 402,9 mil) tem diagnóstico para a condição. Uma pesquisa realizada pela Ipsos em setembro de 2024 revelou que 45% dos brasileiros declaram sofrer de ansiedade. O estudo aponta uma prevalência maior entre mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%).

Defender os parques é também garantir a drenagem urbana eficaz. Em novembro de 2024, estive no Parque Lagoa do Nado, na região Norte de BH, logo após o rompimento da barragem no local após fortes chuvas. Os espaços verdes impediram o grande volume de água de invadir a avenida Dom Pedro II, uma das principais e mais movimentadas da cidade. O parque está parcialmente aberto, mas sigo lutando e cobrando pela reabertura total desse espaço tão importante para a comunidade.

Defender nossos parques é defender a nossa cidade e a nossa qualidade de vida. Não podemos permitir que o ciclo de abandono continue a isolar comunidades e a privar os belo-horizontinos de ambientes que são, por direito, seus.

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