Imagine passar 14 dias em alto-mar, a quilômetros de distância de terra firme, convivendo com mais de 150 pessoas em uma estrutura gigantesca dedicada à produção de petróleo. Essa é a realidade de quem trabalha embarcado em plataformas como a P-57, localizada a cerca de 80 km da costa do Espírito Santo.
A repórter Bárbara Damasceno viveu essa experiência de perto e mostrou os bastidores dessa rotina intensa, marcada por desafios, superação e histórias inspiradoras.
Uma Rotina que Começa Antes do Embarque
Antes de chegar à plataforma, todos os trabalhadores passam por um rigoroso treinamento de segurança. O voo de helicóptero até a unidade já é uma experiência única, com o uso obrigatório de colete salva-vidas e instruções detalhadas sobre os procedimentos de emergência.
Chegando à plataforma, cada novo tripulante recebe orientações específicas sobre normas e cuidados dentro da unidade, onde segurança é prioridade absoluta.
Quem Mantém a Plataforma em Funcionamento
A plataforma abriga profissionais de diversas áreas, desde engenheiros de produção até nutricionistas e técnicos de saúde. Yasmin, única profissional de saúde a bordo, cuida da saúde de cerca de 150 pessoas durante o período de embarque.
“Tem gente que não se adapta ao balanço, mesmo que aqui não balance tanto. Mas com o tempo, a maioria consegue lidar com essa rotina”, conta.
Já Vinícius, coordenador de produção, explica que sua missão é maximizar a produção com segurança, garantindo que diariamente a unidade produza cerca de 40 mil barris de petróleo. Ele passa 14 dias embarcado e 21 dias em terra:
“Dinheiro não é tudo. Quando desembarco, tenho tempo para mim e para minha família. Vale a pena.”
Convivência e Estrutura a Bordo
Os trabalhadores compartilham camarotes simples, porém confortáveis, equipados com televisão, ar-condicionado e espaço para trabalho. O refeitório oferece sete refeições por dia, preparadas por uma equipe liderada por nutricionistas e chefs que se adaptaram à rotina embarcada.
Há ainda academia, salas de lazer e áreas externas onde é possível apreciar vistas únicas, como pores do sol deslumbrantes em alto-mar.
Desafios e Superações Diárias
Apesar da estrutura, a vida embarcada exige resiliência emocional e adaptação. A saudade da família é um dos maiores desafios, e as chamadas de vídeo são fundamentais para manter o contato com quem ficou em terra.
Uma das histórias mais marcantes é a de uma supervisora de produção que lidera uma equipe predominantemente masculina:
“Se eu consegui chegar aqui, qualquer mulher pode. O trabalho não exige força, mas jeito e dedicação.”
Segurança: Prioridade Máxima
A plataforma conta com detectores de gás, alarmes visuais e sonoros, e procedimentos rígidos para situações de emergência. Há baleeiras com capacidade para até 90 pessoas, garantindo evacuação segura, caso necessário.
Todo o petróleo produzido é armazenado e transferido para navios aliviadores a cada 20 dias, em operações logísticas que envolvem equipamentos robustos e rigorosos protocolos de segurança.
Histórias que Inspiram
Entre as várias entrevistas, um técnico que trabalha há 20 anos embarcado resume a experiência:
“Hoje temos internet e chamadas de vídeo, mas antes era difícil até ligar para casa. Mesmo assim, esse trabalho me trouxe conquistas e orgulho para minha família.”
Outro momento emocionante é o depoimento de uma cozinheira que começou na limpeza e, com dedicação, conquistou espaço na equipe da cozinha:
“Era um sonho da minha família que eu cozinhasse em alto-mar. Trabalhar aqui me fez crescer como profissional e como pessoa.”
Um Trabalho Essencial para o Brasil
A plataforma é autossuficiente em energia e água, contando com quatro turbinas de 25 MW que geram toda a eletricidade usada a bordo. Além de abastecer o país com petróleo, a operação mostra a importância de profissionais altamente qualificados e comprometidos com segurança e eficiência.
Mesmo com avanços como os carros elétricos, o petróleo ainda é essencial para a produção de combustíveis e materiais como plásticos, fundamentais em diversas indústrias.
O Lado Humano por Trás da Produção de Petróleo
Por trás de cada barril de petróleo estão pessoas que se dedicam diariamente, longe de suas famílias, para garantir que o Brasil continue avançando no setor energético.
A experiência da repórter mostra que, além da complexidade técnica, a vida em uma plataforma é feita de histórias, desafios, amizades e momentos inesquecíveis.
“Se eu pudesse escolher, ficaria para o churrasco de sexta-feira e o pôr do sol mais bonito que já vi na vida”, brinca Bárbara, emocionada com a experiência.
O post Vida em alto-mar: como é o dia a dia dos trabalhadores em uma plataforma de petróleo apareceu primeiro em O Petróleo.
