Produtores de frutas temem não conseguir cobrir custos de produção com perda do mercado americano


Na região Nordeste, produtores de frutas estão com medo de não conseguir cobrir os custos de produção.
A Bahia é o segundo maior produtor de frutas do Brasil, só fica atrás de São Paulo. Um dos principais polos de fruticultura é a região do Vale do São Francisco, que gera quase 1,2 milhões de empregos diretos e indiretos.
Uma fazenda produz manga da variedade Tommy, a preferida dos americanos. A previsão é de queda nas exportações para os Estados Unidos, e pode acabar sobrando manga no pé.
O produtor argumenta que, hoje, o custo de produção da manga já embalada é R$ 3,50. E com o excesso de oferta, o preço pago aos agricultores no mercado interno ficaria entorno de R$ 1,00.
“No mercado interno, por exemplo, que é uma das válvulas de escape para esse volume excedente, é possível que com essa situação da tarifa, e o excesso de volume disponível, o valor que se paga no mercado interno nem mesmo justifique a colheita”, diz Luca Ballalai, diretor de exportações.
Em 2024, o Brasil exportou quase US$1,3 bilhões em frutas, e a manga lidera essas vendas. Bahia e Pernambuco são os maiores produtores, e o setor está apreensivo com os possíveis impactos sobre a cadeia produtiva se o tarifaço americano sobre a fruticultura brasileira for mantido.
“Significa redução de contratação […] e maior endividamento daqueles que utilizam financiamentos bancários, que não vão conseguir vender sua fruta para honrar esses compromissos”, afirma Tássio Lustosa, gerente da Valexport.
O Vale do São Francisco também produz 98% da mesa de uva fina exportada pelo Brasil. Em 2024, só para os Estados Unidos, as vendas chegaram a US$ 42 milhões, segundo a Embrapa.
O Vale do São Francisco também produz 98% da mesa de uva fina exportada pelo Brasil. Em 2024, só para os Estados Unidos, as vendas chegaram a US$ 42 milhões, segundo a Embrapa
Reprodução/TV Globo
Como o envio da fruta para os americanos só começa em setembro, o setor ainda acredita na possibilidade de uma solução negociada.
“Todos eles têm uma carteira de compradores, né, que estavam preparados para receber as uvas do Brasil […] os produtores também estão tentando fazer a sua parte, está todo mundo tentando contribuir, dar sua parcela de contribuição para minimizar o problema que pode acontecer na região”, afirma João Ricardo Lima, pesquisador da Embrapa ou coordenador.
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