
Vídeo apresentado por defesa supostamente mostra substância sendo colocada no copo
A defesa do ex-vereador de Tupanatinga, preso por tentativa de homicídio contra uma mulher de 23 anos, alega que ele teria ingerido uma substância colocada pela vítima em sua bebida momentos antes do crime. O caso ocorreu em 6 de março de 2025, em um motel às margens da BR-423, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco.
Como parte da estratégia jurídica, a defesa apresentou um vídeo editado com imagens de câmeras de segurança de um bar onde o grupo esteve pouco antes do crime. De acordo com os advogados de Luciano, as imagens mostram a vítima e outras duas mulheres manipulando o copo do acusado, Luciano de Souza Cavalcanti (veja vídeo acima).
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A petição acessada pelo g1 argumenta que o suposto ato teria provocado um “surto psicoativo” no ex-vereador, levando aos disparos efetuados contra Mariana Dias Bento da Silva.
Ainda segundo a defesa, o episódio poderia configurar uma excludente de ilicitude, com base no artigo 28 do Código Penal, sob a alegação de que o réu teria agido sem plena consciência de seus atos, após ingerir substâncias sem seu consentimento. A intenção é desqualificar a acusação de tentativa de homicídio, atribuindo a conduta violenta a um estado psíquico alterado induzido por terceiros.
Ex-vereador de Tupanatinga está preso por tentativa de homicídio em Garanhuns
Reprodução
Defesa da vítima diz que vídeo não foi apresentado oficialmente
Em nota enviada ao g1, os advogados André César de Azevedo e Silva e Weryd Simões, que atuam como assistentes de acusação no processo, afirmaram que o vídeo citado pela defesa não foi apresentado formalmente durante a audiência. Segundo eles, nem o Ministério Público, nem a magistrada, nem a própria assistência de acusação tiveram acesso ao conteúdo.
“Causa-nos estranheza que a própria defesa, segundo relatos, admita que o suposto material é ‘editado e tratado’. A divulgação de uma prova sabidamente manipulada antes de sua apresentação em juízo configura uma clara e desesperada tentativa de criar uma narrativa diversionista”, diz um trecho da nota.
Os advogadosda vítima atingida por disparos também classificaram a medida como uma tentativa de “transformar a vítima em ré” e afirmaram que, caso o vídeo seja formalmente incorporado aos autos, solicitarão uma perícia técnica oficial para apurar sua autenticidade.
Durante a audiência, a vítima negou ter feito uso de substâncias ilícitas. A defesa da jovem afirma que qualquer tentativa de inverter os papéis no processo representa um caso de revitimização e de violência processual.
Vídeo é citado como prova, mas autenticidade será contestada
Segundo a defesa de Luciano, o vídeo com os trechos selecionados foi anexado aos autos na véspera da audiência de instrução e julgamento realizada na segunda-feira (4), na 1ª Vara Criminal de Garanhuns. A defesa afirma ainda que uma empresa foi contratada para editar o material, com foco nos trechos considerados relevantes para o processo. Os advogados do ex-vereador também informaram que imagens completas do dia do crime já haviam sido incluídas no processo desde o dia 8 de março.
No entanto, ao g1, o advogado da vítima afirmou que, durante a audiência de instrução, nem a juíza responsável pelo caso, nem a assistente de acusação, tampouco a equipe jurídica da vítima, tiveram acesso ao vídeo. Segundo ele, o conteúdo foi anexado por meio de um link bloqueado, sem permissão de acesso, o que impossibilitou sua análise.
A próxima audiência está marcada para o dia 27 de agosto, quando deve ser ouvida uma testemunha de defesa. A depender do resultado da oitiva, os advogados do réu poderão solicitar a revogação da prisão preventiva.
Relembre o caso
Ex-vereador é preso após atirar contra mulher dentro de motel, em Garanhuns
O crime ocorreu em 6 de março de 2025. A vítima, uma jovem de 23 anos, estava em um motel em Garanhuns com Luciano de Souza Cavalcanti e outras duas mulheres. Imagens de câmeras de segurança divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que o ex-vereador saca uma arma e atira contra ela, que vestia uma roupa amarela. Luciano usava apenas uma cueca no momento dos disparos.
A Polícia Civil autuou o ex-parlamentar por tentativa de homicídio. A arma foi apreendida e ele segue preso preventivamente.
O que dizem as partes
Procurado pela reportagem do g1, o advogado de defesa, Joaquim Cordeiro Feitosa Neto, informou que, por decisão estratégica, não irá se pronunciar oficialmente fora dos autos do processo, mantendo a postura adotada desde o início da investigação.
Também foram solicitadas notas ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), mas até a última atualização desta reportagem, não houve retorno.