BC adota tom conservador e não descarta nova alta de juros, diz ata

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (5), revelou uma postura mais conservadora do Banco Central do Brasil diante do cenário econômico atual. O documento reitera que a autoridade monetária não descarta a possibilidade de retomar o ciclo de alta de juros caso as condições inflacionárias e o nível de atividade econômica justifiquem uma ação mais firme.

O comunicado oficial reforça que o Comitê não irá “se furtar” a adotar medidas adicionais de aperto monetário, caso os dados venham a apontar para uma persistência da inflação ou desancoragem das expectativas. Segundo analistas, o tom mais duro da ata tem como objetivo reafirmar o compromisso do BC com o controle inflacionário e com a credibilidade da política monetária brasileira, especialmente diante de um ambiente global ainda instável e incertezas internas elevadas.

“O Banco Central sinalizou que todas as possibilidades seguem sobre a mesa, desde uma eventual retomada dos cortes até uma nova alta, se necessário”, afirmou um economista consultado.

Abertura para ambos os cenários: alta ou corte

De forma clara, o documento do Copom demonstra que o Banco Central está atento a diferentes trajetórias possíveis da economia. Se, por um lado, a inflação não apresentar trajetória compatível com as metas, o Comitê está preparado para agir com aumento de juros. Por outro, se houver um enfraquecimento relevante da atividade econômica, também não será descartada a antecipação de novos cortes.

Esse posicionamento evidencia a flexibilidade da autoridade monetária, que opta por não se comprometer com qualquer caminho pré-definido. O BC segue, segundo o comunicado, dependente dos dados (“data-dependent”), o que reforça o alinhamento com posturas recentes de outros bancos centrais, como o Federal Reserve, dos Estados Unidos.

Incerteza elevada no cenário externo e doméstico

Outro ponto destacado foi o nível elevado de incerteza, tanto no cenário internacional quanto no ambiente doméstico. Tensões geopolíticas, volatilidade nos preços das commodities e dúvidas sobre o rumo da política fiscal no Brasil contribuem para um contexto desafiador na condução da política monetária.

O BC observa com cautela a resiliência da atividade econômica brasileira, que tem se mostrado mais forte do que o esperado em alguns setores. Essa força da demanda interna pode pressionar os preços e dificultar o cumprimento das metas de inflação, o que justificaria uma postura mais vigilante da autoridade monetária.

Sinais para o mercado

Com a divulgação da ata, o mercado reforça a percepção de que o ciclo de cortes da Selic, iniciado em 2023, pode ter chegado ao fim — ou, ao menos, foi colocado em pausa. A comunicação firme do BC busca reancorar expectativas e preservar a credibilidade da política monetária.

Ao mesmo tempo, a sinalização de que o Comitê está aberto a diferentes caminhos deixa claro que não há espaço para complacência. O BC deixou explícito que, em caso de deterioração das expectativas inflacionárias ou do cenário fiscal, está disposto a agir rapidamente.

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