O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o governo brasileiro intensificará as negociações com o Tesouro dos Estados Unidos para reverter a tarifa de 50% imposta a diversos produtos nacionais, medida que tem gerado preocupação em setores estratégicos da economia.
Durante entrevista concedida à BandNews TV e à BandNews FM, Haddad disse que o objetivo central é despolitizar o debate comercial e separar questões econômicas de disputas políticas internas. Segundo ele, a medida americana foi influenciada por pressões políticas no Brasil e não reflete o histórico de parceria de mais de 200 anos entre os dois países.
Setores mais afetados
Embora a lista de exceções tenha contemplado cerca de 700 produtos, pequenas e médias empresas continuam no centro das preocupações. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, mais de 4 mil companhias exportam para os EUA, sendo que muitas direcionam até 80% de sua produção para o mercado norte-americano.
Haddad explicou que alguns segmentos, como café e carne, conseguem redirecionar exportações para outros mercados, mas outros, especialmente indústrias que produzem sob medida para os EUA, terão dificuldades imediatas.
“Nossa maior preocupação é com setores que não têm facilidade de reposicionar sua produção em outros mercados. Para eles, teremos medidas específicas de apoio”, afirmou o ministro.
Plano de contingência
O ministro revelou que já existe um plano de contingência elaborado pelo governo e apresentado ao presidente Lula. O pacote inclui:
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Linhas de crédito subsidiado para adaptação de empresas a novos mercados;
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Compras governamentais para absorver produtos que perderam destino de exportação, como pescados e frutas;
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Apoio logístico e medidas emergenciais para preservar empregos.
Segundo Haddad, o custo do plano será absorvido dentro das regras fiscais, sem impacto significativo nas contas públicas.
Histórico da relação comercial
Atualmente, os EUA representam 12% das exportações brasileiras, uma queda expressiva em relação aos 25% registrados em 2002. Para Haddad, essa redução trouxe vantagens ao diversificar a pauta comercial do país, mas reforçou a necessidade de reaproximar economicamente as duas nações.
O ministro destacou que o Brasil tem recursos estratégicos que despertam interesse global, como minerais críticos e tecnologia de pagamentos via Pix, e que podem ser base para novos acordos bilaterais.
Defesa da soberania
Ao longo da entrevista, Haddad foi firme ao declarar que a soberania e a democracia brasileiras não estão em negociação. Ele reforçou que qualquer acordo comercial precisa respeitar a autonomia nacional e beneficiar ambas as partes.
“Queremos parcerias com todos os países, mas não na condição de satélite ou colônia. Somos um país soberano, democrático e aberto a cooperação”, afirmou.
Perspectivas de negociação
O ministro prevê que a primeira reunião com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bensent, ocorra ainda nesta semana. Ele acredita que, ao demonstrar a falta de racionalidade econômica da medida para o próprio consumidor americano, será possível encontrar um caminho para a reversão.
Enquanto isso, o governo seguirá adotando medidas para proteger setores vulneráveis e manter empregos, reforçando que não há intenção de retaliação, mas sim de defesa dos interesses nacionais.
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