O início da aplicação das tarifas de importação anunciadas por Donald Trump, com alíquotas de até 50% para produtos brasileiros, movimentou o noticiário econômico nesta semana. Apesar do temor inicial de um impacto significativo, o mercado reagiu com cautela, e o Ibovespa se manteve próximo dos 140 mil pontos, enquanto o dólar recuou frente ao real.
Segundo Juliana Benvenuto, sócia e coordenadora de alocação e inteligência da Aven, o efeito imediato foi limitado porque “o mercado já havia precificado as tarifas no momento do anúncio”. Ela destaca que o fator mais importante para a estabilidade foi a previsibilidade: “Quando se sabe exatamente o que vai acontecer, mesmo que as tarifas sejam altas, a volatilidade tende a diminuir”.
Isenções aliviam pressão sobre gigantes globais
Entre as medidas, Trump também anunciou tarifas de 100% para semicondutores e chips, mas com exceções para grandes empresas como Apple, Nvidia e Taiwan Semiconductor, que se comprometeram a investir nos Estados Unidos. Essas isenções ajudaram a conter um possível estresse nos mercados globais.
Produto/Setor | Tarifa Aplicada | Isenção |
---|---|---|
Café | 50% | Não |
Suco de laranja | 0% | Sim |
Carne | 50% | Não |
Semicondutores/Chips | 100% | Parcial |
Com cerca de 3.000 produtos brasileiros sujeitos à nova tarifação, setores como o agronegócio avaliam alternativas para compensar a perda de competitividade no mercado americano. Um dos movimentos mais recentes envolve a aproximação com a Índia, embora a balança comercial com o país asiático (US$ 12 bilhões) seja bem menor que com os Estados Unidos (mais de US$ 90 bilhões).
Juliana observa que, embora seja possível diversificar mercados, “substituir integralmente a demanda americana é um desafio”, já que os EUA concentram mais de 30% do consumo global.
Cenário macroeconômico dos EUA segue incerto
Além das tarifas, os analistas acompanham o risco de estagflação — combinação de inflação alta e desaceleração econômica. Dados recentes mostram um desaquecimento no mercado de trabalho americano, enquanto ainda não há consenso sobre o impacto inflacionário das medidas.
O Federal Reserve (Fed) enfrenta um dilema: reduzir juros para estimular a economia ou mantê-los elevados para conter a inflação. Parte do mercado aposta em cortes já em setembro de 2025, mas outra parcela prevê uma inflação mais persistente, limitando a ação do banco central.
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