
Segurança do Palmeiras é vítima de injúria racial em Mirassol
A defesa do vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), Fábio Marcondes (PL), entrou com pedido de anulação do relatório que usou a inteligência artificial (IA) para analisar o vídeo a partir do qual ele foi indiciado por chamar segurança do Palmeiras de ‘macaco’, nesta sexta-feira (8).
O caso ocorreu após uma partida de futebol, em Mirassol (SP), em 23 fevereiro de 2025.
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Edlênio Xavier Barreto, advogado de defesa, solicitou o arquivamento do inquérito policial e pediu que o inquérito seja encaminhado para avaliação do Ministério Público (MP).
Marcondes foi indiciado em 30 de julho após a conclusão do inquérito policial, finalizado pelo delegado Renato Camacho. O documento, que à época foi obtido com exclusividade pela TV TEM, detalha o áudio do vídeo, feito por uma equipe de reportagem da emissora, que registrou a briga.
No documento, o delegado reforça que, ainda que os laudos periciais do Instituto de Criminalística tenham constado que os termos utilizados pelo investigado sejam “paca véa” e não “macaco velho”, após repetições do vídeo, é “praticamente impossível não reconhecer audivelmente que as palavras proferidas são duas palavras de gênero masculino”.
De acordo com o delegado, as palavras em questão foram identificadas pelo mecanismo de inteligência artificial: “ao solicitar uma explicação de como a imagem gerada se relacionava aos fatos ocorridos no vídeo, a IA indicou uma situação de discussão acalorada em ambiente de futebol, na qual foram utilizados termos de cunho racista”, escreveu o delegado.
Na imagem, Marcondes aparece xingando o funcionário de “lixo”. Na sequência, quando o vice-prefeito está de costas para a câmera, é possível ouvir um grito. Imediatamente, um dos seguranças diz: “Racismo, não”. Assista ao vídeo acima.
Após ser concluído, o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público, que, até esta sexta-feira, ainda não decidiu se oferece ou não a denúncia à Justiça contra o vice-prefeito.
Após o caso, em meio às investigações, Fábio Marcondes se licenciou do cargo de vice-prefeito por três vezes, além de pedir exoneração do cargo de secretário de Obras. Em maio, o vice reassumiu a secretaria.
Vice-prefeito de Rio Preto, Fábio Marcondes (PL), é investigado por injúria racial após xingar segurança do Palmeiras
Reprodução/TV Globo
Boletim de ocorrência
O caso ocorreu no Estádio José Maria de Campos Maia, quando os times disputavam a última rodada da primeira fase do Paulistão.
O segurança do Palmeiras registrou um boletim de ocorrência na delegacia de Mirassol. Em depoimento, ele disse que estava na área do estacionamento onde estavam os ônibus da equipe, quando pediu que o filho do Marcondes se retirasse do local.
Conforme o segurança disse à polícia, o vice-prefeito questionou o funcionário, que rebateu dizendo que estava cumprindo a função. Diante disso, segundo ele, Marcondes começou os xingamentos. O vice-prefeito deixou o estádio em seguida.
Repúdio
Em nota, a diretoria do Palmeiras informou que não tolera qualquer forma de discriminação e tomará as providências cabíveis. Também em nota, o Mirassol manifestou repúdio ao crime.
“A intolerância e o preconceito não têm lugar em nossa sociedade, e é inaceitável que atos dessa natureza possam ocorrer. Defendemos que as denúncias sejam apuradas e, caso comprovado qualquer ato de racismo ou injúria racial, que seja punido com os rigores da lei.”
“Preconceito de raça ou de cor”
O boletim de ocorrência foi registrado como “Preconceitos de Raça ou de Cor – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.
🔎 O crime de injúria racial é previsto na lei e acontece quando alguém ofende outra pessoa “em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”. A pena é de 2 a 5 anos de prisão.
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