Copa do Brasil: quedas de Flamengo e Palmeiras expõem intolerância no futebol

No meio de semana, enquanto o congresso pegava fogo, as torcidas de oito clubes brasileiros (Corinthians, Vasco, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia e Atlético-PR), comemoravam a classificação para as quartas de finais da Copa do Brasil. Como é habitual, detalhes técnicos, táticos, erros dos árbitros e fatores inesperados, contribuíram para decidir as partidas.Flamengo e Palmeiras, os dois mais fortes candidatos aos títulos do Brasileirão e da Libertadores, foram eliminados. Em jogos mata-mata, contra grandes adversários, não existem surpresas. Além disso, Flamengo e Palmeiras não são os timaços como gostam de dizer. O Palmeiras piorou com as saídas de seus dois melhores jogadores, Estevão e Richard Rios.

As vaias e ofensas de parte da torcida do Palmeiras aos jogadores e ao treinador vitorioso Abel Ferreira são injustas.

As vaias e ofensas de parte da torcida do Palmeiras aos jogadores e ao treinador vitorioso Abel Ferreira são injustas, um grande exagero, condutas cada dia mais frequentes no futebol brasileiro. Pior, gravíssimo, são a pressão e as ofensas de muitos torcedores nas dependências dos clubes. Certamente, é a minoria. Os jogadores e treinadores erram, mas fazem tudo para vencer. Isso é óbvio.Violência dos torcedoresA agressividade, intolerância e violência no futebol são reflexos da criminalidade, da sociedade do espetáculo, do exagero, da polarização, das falsas narrativas, da radicalização e do ódio a quem pensa diferente. O país caminha para a falência política e para autodestruição.Ainda bem que a maioria dos torcedores quer apenas torcer e desfrutar das emoções e da beleza de uma partida de futebol. Existem torcedores de todos os tipos. Muitos são extrovertidos, vão para o estádio com bandeiras e camisas de seus times. Cantam e dançam. A vitória é uma catarse completa, uma imensa alegria. Há também os solitários, os tímidos e os que se acham os grandes entendidos do futebol. Torcem calados, prestam atenção em todos os detalhes e possuem todas as informações.

A maior parte dos torcedores é dócil e responsável. Os violentos são poucos, porém perigosos.

Gostariam de falar com os técnicos durante os jogos e, assim como os comentaristas, acham que possuem a fórmula mágica de vencer. Existem ainda os marretinhas, que reclamam de tudo, até na vitória. Gostam de torcer atrás do túnel, próximo dos treinadores, para vaiá-los e pedir substituições.A maior parte dos torcedores é dócil e responsável. Os violentos são poucos, porém perigosos. A presença de um chefe de torcida exaltado contagia os outros. Os instintos agressivos são liberados e rapidamente propagados, uma tragédia. Os violentos não se sentem culpados no meio da multidão. Para eles, a culpa é do grupo.

Elenco do Cruzeiro comemora classificação com a torcida

|  Foto: Rafael Vieira/Cruzeiro

Bons tempos na arquibancadaQuando era menino, ia com meu pai ao estádio Independência. A festa começava nos ônibus. Raramente havia tumultos. Gostava de ficar no degrau mais baixo da arquibancada, a poucos metros acima do gramado. Via os detalhes, as emoções e os suores dos jogadores. Uma barra de ferro nos separava do gramado. Sentia-me participante do espetáculo.Recentemente, fui ao Mineirão com meus filhos, netos, familiares e amigos e fiquei encantado com a beleza da festa da torcida do Cruzeiro. Gostaria de voltar mais vezes, mas vejo os jogos pela televisão porque é mais fácil, simples e, em casa, tenho muitas informações e opiniões dos jornalistas que fortalecem meu entendimento do jogo. Além disso, as imagens dos jogos são bastante abertas, amplas, que facilitam a compreensão do conjunto.

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