O governo dos Estados Unidos cancelou a reunião marcada para a próxima quarta-feira entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bent, que tinha como objetivo destravar negociações sobre as tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros.
A informação foi confirmada por Haddad em entrevista ao programa Estúdio I da GloboNews, onde atribuiu o cancelamento à atuação de “forças de extrema direita brasileira” junto à Casa Branca, citando diretamente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) como um dos articuladores.
“A militância antidiplomática dessas forças tomou conhecimento da minha fala e agiu junto a assessores do presidente Trump. A reunião virtual foi desmarcada”, disse o ministro.
Pressão de setores afetados
A medida surpreendeu setores da economia brasileira diretamente impactados pelas tarifas, como o agronegócio e a indústria de manufaturados, que pressionavam por avanços concretos nas negociações.
Empresários já adotam medidas emergenciais, como férias coletivas e redirecionamento de estoques para outros mercados. Também intensificaram contatos com parceiros comerciais nos EUA para ampliar a lista de produtos que podem ser beneficiados por acordos bilaterais.
Principais setores afetados pelas tarifas de 50% dos EUA
Setor | Produtos mais atingidos | Participação nas exportações brasileiras (%) | Impacto estimado em 12 meses (US$) |
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Agronegócio | Carnes, soja, milho | 28% | 3,5 bilhões |
Siderurgia e metal | Aço laminado, alumínio | 12% | 1,8 bilhões |
Manufaturados leves | Calçados, móveis, têxteis | 9% | 950 milhões |
Mineração | Minério de ferro, manganês | 15% | 2,1 bilhões |
Haddad afirmou que o governo prepara uma medida provisória para minimizar os impactos econômicos, que deve incluir:
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Linha de financiamento à exportação;
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Compras governamentais por estados e municípios de parte da produção não exportada;
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Medidas tributárias, como adiamento no pagamento de impostos;
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Preservação de empregos, com análise caso a caso;
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Reforma estrutural no Fundo de Garantia à Exportação (FGE), criado em 1997, para ampliar o suporte a pequenas, médias e grandes empresas exportadoras.
Disputa formal na OMC
A Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou detalhes do pedido brasileiro contra o tarifaço, alegando que as medidas violam obrigações dos EUA previstas no Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio.
Se não houver solução em até dois meses, o Brasil poderá solicitar a formação de um comitê de arbitragem para analisar a disputa.
Reação de Eduardo Bolsonaro
Em resposta, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou em rede social que não tem controle sobre a agenda do secretário do Tesouro americano e que Scott Bent segue as diretrizes do ex-presidente Donald Trump.
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