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Diálogo territorialCom curadoria do pesquisador catarinense Ramon Martins, 35, gerente de programas da Pivô Salvador, Zé di Cabeça – Porto das Sardinhas está subdividida em três composições: Inventariar, Imaginar e Presentificar.“Em Inventariar, criamos uma composição com as séries galos, ex-votos, velas e pitanga, que são desenhos sobre madeira, de diversos formatos e dimensões, recolhida nas andanças pelo Porto das Sardinhas. Em Imaginar, apresentamos duas séries de aves fantásticas, que propomos como espécies que povoam o Porto das Sardinhas”, detalha Ramon.“Em Presentificar, o público encontrará pinturas em azulejos que trazem o patrimônio edificado do Subúrbio Ferroviário, um trabalho colaborativo com o artista Prentice Carvalho, trazendo o que está sendo ameaçado por processos, seja de especulação imobiliária ou urbanização”, alinhava o curador.Ramon conta que, em sua curadoria, foi guiado pela ideia de que a produção de Zé não apenas documenta, mas dá condições de reinventar a narrativa do subúrbio.“Seu trabalho não se limita a representar o lugar, mas é alimentado por ele e funda o próprio lugar, a partir da vida pulsante no cotidiano do artista”, observa.Zé di Cabeça ainda é uma persona artística tímida com relação ao conhecido José Eduardo, mas com uma produção grande em um curto período de prática, de acordo com Ramon. “Esta mostra nos permite pensar a relação do artista com seu território, nutrindo-se da memória, da imaginação e do cotidiano, e propondo narrativas vivas que apresentam um subúrbio a partir de uma gramática que questiona estigmas e invisibilidade”.Consciência ambiental
| Foto: Divulgação
Através do Acervo da Laje, José Eduardo lida com arte e educação, oferecendo atividades semanais para crianças, jovens e adultos, além de congregar artistas suburbanos. Sua produção artística está profundamente relacionada à construção do território a partir da arte, colocando algumas regiões relegadas na cartografia afetiva da cidade.Com seu trabalho, ele quer abordar a urgência de se criar uma consciência ecológica e ambiental, mas também provocar reflexões sobre o subúrbio dentro da cidade e sobre o lugar da periferia nas artes.Segundo o próprio José Eduardo, cada pessoa que comprar uma obra estará contribuindo efetivamente para a sustentabilidade do planeta, a melhoria das mudanças climáticas e para tornar o mundo um lugar mais habitável.“Cada um de nós tem uma poética e ela tem que ser expressa. A minha nasce de olhar o chão da minha cidade, de olhar para aquilo que o mar traz, de pegar o material que polui o mundo e transformar em uma obra que possa ser vista como algo bonito, íntegro, novo e que traga uma memória estética para nossa vida”, finaliza.Zé di Cabeça – Porto das Sardinhas / até 30 de agosto / Pivô Salvador – Rua Boulevard Suíço, 11ª, Nazaré / visitação: segunda a sábado, das 14h às 19h / Gratuito